A Revisão de Pronunciamentos Técnicos nº 28 e a IFRS 18: Atualizações Cruciais para o Mercado Contábil Brasileiro
Em um movimento significativo para a contabilidade brasileira, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) aprovou recentemente a Revisão de Pronunciamentos Técnicos nº 28, alinhada às alterações decorrentes da IFRS 18/CPC 51. Esta atualização representa um passo importante na convergência das práticas contábeis nacionais aos padrões internacionais, trazendo modificações substanciais que impactarão escritórios de contabilidade em todo o país, especialmente em centros econômicos como Brasília/DF e São Paulo.
A Revisão nº 28 tem como principal objetivo aprimorar a forma como as empresas apresentam suas demonstrações financeiras, promovendo maior transparência e comparabilidade. O documento aprovado segue agora para avaliação do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), seguindo o fluxo regulatório estabelecido para normatizações contábeis no Brasil.
As principais alterações introduzidas pela IFRS 18 no Anexo D do CPC 51 – Demonstrações Financeiras Primárias incluem a criação de novas categorias e subtotais na demonstração do resultado, padronizando a apresentação de informações financeiras. Essa padronização visa facilitar a comparação entre diferentes empresas e setores, beneficiando investidores, analistas e demais usuários das demonstrações contábeis.
Entre as mudanças mais significativas, destaca-se a introdução de novos subtotais como o “resultado operacional” e “resultado das atividades operacionais e financiamentos”, além da classificação mais detalhada de receitas e despesas em categorias operacionais, de investimento e de financiamento. Para escritórios de contabilidade em São Paulo, onde se concentra grande parte das empresas de capital aberto, essa alteração demandará adaptações nos sistemas e processos de elaboração de demonstrações financeiras.
O fluxo regulatório dessas atualizações segue um caminho bem definido no Brasil. Após a aprovação inicial pelo CPC, as normas passam pelo crivo do CFC, que as transforma em Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs), e pela CVM, que as torna obrigatórias para companhias abertas. Este processo garante que as práticas contábeis brasileiras mantenham-se alinhadas aos padrões internacionais, enquanto respeitam as particularidades do mercado local.
Para o mercado contábil brasileiro, essas mudanças representam tanto desafios quanto oportunidades. Em Brasília, onde predominam organizações governamentais e empresas prestadoras de serviços ao setor público, a adaptação às novas normas exigirá um esforço concentrado, especialmente considerando a interface com as normas aplicáveis ao setor público.
A convergência das práticas contábeis nacionais e internacionais pós-IFRS 18 fortalece a posição do Brasil no cenário global. A adoção dos padrões internacionais facilita a comparabilidade das demonstrações financeiras de empresas brasileiras com suas concorrentes estrangeiras, potencialmente atraindo mais investimentos externos para o país.
Além da Revisão nº 28, o CPC também atualizou o status de referências de todos os CPCs, ICPCs e OCPCs, buscando retomar atividades pendentes e realizar ajustes redacionais em documentos já emitidos. Outro tema relevante discutido foi a norma CPC 07 – Subvenção e Assistência Governamentais, que entrará em audiência pública em data ainda a ser definida. Esta norma é particularmente importante no contexto atual, onde programas de incentivo governamental desempenham papel crucial na recuperação econômica.
O cronograma de implementação dessas mudanças prevê que a próxima etapa ocorra na reunião agendada para 5 de setembro na sede do Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo (CRCSP). Nesse encontro, espera-se a definição de prazos e procedimentos adicionais para a efetiva adoção das novas normas.
Para escritórios de contabilidade regionais, algumas recomendações práticas podem facilitar a adaptação a esse novo cenário:
- Investir na capacitação da equipe técnica, garantindo o domínio das novas exigências e classificações;
- Revisar e atualizar os sistemas de informação contábil para acomodar as novas categorias e subtotais;
- Comunicar-se proativamente com os clientes, explicando as mudanças e seus potenciais impactos;
- Participar de fóruns e discussões promovidos pelos órgãos reguladores e entidades de classe;
- Implementar processos de revisão da qualidade específicos para as novas demonstrações.
Para auxiliar os profissionais nessa transição, diversas instituições têm disponibilizado recursos e guias de apoio. As grandes firmas de auditoria e consultoria, como EY e Grant Thornton, publicaram materiais detalhados explicando as mudanças e seus impactos práticos. Adicionalmente, o próprio CFC e os CRCs regionais devem promover programas de educação continuada focados nessas atualizações.
A Revisão de Pronunciamentos Técnicos nº 28 e a adoção da IFRS 18 representam mais um capítulo importante na evolução da contabilidade brasileira. Para os profissionais de Brasília, São Paulo e demais regiões do país, manter-se atualizado e preparado para implementar essas mudanças será fundamental para continuar oferecendo serviços de alta qualidade e garantir a conformidade com os padrões internacionais.
Referências:
- https://cfc.org.br/noticias/cpc-aprova-a-revisao-de-pronunciamentos-tecnicos-no-28-alteracoes-decorrentes-da-ifrs-18-cpc-51/
- https://www.ey.com/pt_br/ifrs/entenda-as-mudancas-na-demonstracao-do-resultado-ifrs-18
- https://valor.globo.com/financas/blogs/andre-massaro/post/2024/04/ifrs-18-aproxima-brasil-das-praticas-contabeis-internacionais.ghtml
- https://www.grantthornton.com.br/insights/artigos/iasb-publica-norma-ifrs-18/