Inovação Colaborativa: O Programa PETRIS e o Futuro da Indústria de Petróleo e Gás no Rio Grande do Norte

O setor de petróleo e gás no Rio Grande do Norte é um dos pilares da economia potiguar, representando um importante motor para o desenvolvimento regional. Com uma tradição de décadas na exploração e produção de hidrocarbonetos, o estado se destaca como um dos principais produtores terrestres do Brasil, gerando empregos qualificados, movimentando cadeias produtivas locais e contribuindo significativamente para a arrecadação de impostos e royalties.

No entanto, assim como ocorre em escala global, a indústria petrolífera no RN enfrenta desafios crescentes que exigem transformação e adaptação. A volatilidade dos preços internacionais do petróleo, a transição energética em curso, as pressões por práticas mais sustentáveis e a necessidade de otimização de custos operacionais demandam um novo olhar sobre como o setor pode manter sua competitividade e relevância econômica.

Nesse contexto, a inovação aberta surge como estratégia fundamental. Diferentemente do modelo tradicional de pesquisa e desenvolvimento, realizado exclusivamente dentro das empresas, a inovação aberta propõe a colaboração com parceiros externos – startups, universidades, institutos de pesquisa – para acelerar o desenvolvimento de soluções e compartilhar riscos. Para o setor de petróleo e gás do Rio Grande do Norte, essa abordagem representa não apenas uma tendência, mas uma necessidade urgente para enfrentar os desafios contemporâneos.

É nesse cenário que surge o Programa PETRIS, uma iniciativa inédita no país desenvolvida pelo Sebrae RN para fomentar a inovação no setor petrolífero potiguar. O programa tem como objetivo central criar um ambiente propício para conexões entre corporações, fornecedores e startups, promovendo o desenvolvimento conjunto de soluções para os desafios reais da cadeia produtiva de óleo e gás.

O PETRIS se diferencia por seu formato inclusivo e abrangente, atendendo diferentes perfis de participantes. Para as grandes corporações do setor, oferece acesso a soluções inovadoras e oportunidade de otimizar investimentos obrigatórios em P&D previstos pela cláusula da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Para fornecedores, representa uma chance de agregar valor a seus produtos e serviços. Já para as startups, abre portas para um mercado tradicionalmente complexo e de difícil acesso, com possibilidade de desenvolvimento de projetos em parceria com empresas estabelecidas.

A estrutura do programa foi cuidadosamente desenhada para maximizar o aproveitamento dos participantes. Inicialmente, é oferecida uma trilha de capacitação online com conteúdos específicos para cada perfil. As startups são orientadas na estruturação de projetos alinhados às exigências da cláusula de P&D da ANP, aprendendo a formatar propostas que possam ser viabilizadas através desses recursos. Já as corporações recebem conteúdos focados em cultura de inovação e estratégias para relacionamento produtivo com startups – um conhecimento essencial para empresas que muitas vezes estão dando os primeiros passos nesse tipo de parceria.

A execução do PETRIS está a cargo da MOA Ventures, consultoria especializada em programas de inovação aberta, em parceria com o Sebrae RN. Esse modelo de governança compartilhada garante tanto a expertise técnica em processos de inovação quanto o alinhamento com as necessidades e características do ecossistema local.

Um dos momentos mais aguardados do programa é o Pitch Day, evento no qual as startups participantes apresentam suas propostas para uma banca formada por corporações, investidores e parceiros estratégicos do setor. Mais que uma simples apresentação, esse momento representa uma oportunidade concreta de negócios, já que é seguido por um processo estruturado de matchmaking – metodologia que visa aproximar startups e empresas com maior potencial de sinergia para desenvolvimento conjunto de projetos.

Para direcionar os esforços de inovação, o PETRIS definiu 20 linhas de pesquisa prioritárias, mapeadas a partir das principais necessidades do setor. Essas linhas abrangem desafios como eficiência energética, monitoramento ambiental, otimização de processos produtivos, logística, manutenção preditiva, entre outros. As startups interessadas em participar devem demonstrar competência técnica em ao menos uma dessas áreas, garantindo assim maior assertividade nas propostas apresentadas.

Para as startups, os benefícios do programa vão além da simples exposição a potenciais clientes. O PETRIS oferece mentoria especializada, acesso a dados e conhecimento sobre o setor, além da possibilidade de testar soluções em ambientes reais de operação – um diferencial importante em um segmento onde a validação técnica é fundamental para a adoção de novas tecnologias.

Já para fornecedores e empresas do setor, o programa representa uma oportunidade de renovação e ampliação de portfólio, acesso a tecnologias de ponta sem os custos e riscos de desenvolvê-las internamente, além de facilitar o cumprimento de obrigações regulatórias relacionadas a investimentos em P&D.

O impacto esperado do PETRIS vai além dos resultados individuais para os participantes. O programa tem potencial para fortalecer todo o ecossistema de inovação potiguar, criando novas oportunidades de negócios, retendo talentos na região e posicionando o Rio Grande do Norte como um polo de desenvolvimento tecnológico para o setor de petróleo e gás. Essa perspectiva está alinhada à visão do Sebrae RN de consolidar um ambiente de negócios mais dinâmico e inovador no estado.

“O Petris coloca, em um mesmo ambiente, as empresas, que sofrem com as dores do mercado, e startups dispostas a oferecer soluções inovadoras para fortalecer o segmento. Esse formato faz toda a diferença para resultados exitosos que almejamos”, explica Robson Matos, gestor do Projeto de Petróleo e Gás do Sebrae RN.

Para participar do programa, corporações, fornecedores e startups interessados devem realizar sua inscrição através do site oficial. O processo é gratuito e os requisitos variam conforme o perfil do participante. Para startups, por exemplo, é importante demonstrar capacidade técnica em uma das linhas de pesquisa definidas pelo programa, além de disponibilidade para participar de todas as etapas da jornada.

Com o PETRIS, o Rio Grande do Norte dá um importante passo para reinventar sua indústria petrolífera, apostando na inovação colaborativa como caminho para enfrentar os desafios contemporâneos e garantir a competitividade futura do setor. A iniciativa demonstra como a união entre o conhecimento técnico das startups e a experiência e infraestrutura das empresas estabelecidas pode criar soluções de alto impacto, beneficiando toda a cadeia produtiva e fortalecendo a economia regional.

Referências:

  1. https://startupi.com.br/petroleo-gas-inscricoes-petris-ate-quinta-feira/
  2. https://www.moaventures.com.br/desafiospetris
  3. https://www.moaventures.com.br/programapeg

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