O Brasil enfrenta um dilema crítico em produtividade, onde a busca por eficiência é demonizada, prejudicando a competitividade. A estagnação da produtividade há três décadas revela a necessidade urgente de uma mudança cultural que valorize a meritocracia e a inovação. Este post discute como a resistência a práticas eficientes e ao uso de tecnologia está impedindo o progresso econômico do país.
O Brasil enfrenta um paradoxo preocupante quando se trata de produtividade empresarial. Enquanto ocupa a 78ª posição entre 131 países no ranking global de produtividade, o país continua demonizando empresas que buscam eficiência e melhores resultados. Nossa produtividade permanece estagnada há três décadas, um cenário que exige reflexão profunda sobre as práticas e mentalidades que impedem o avanço econômico nacional.
A cultura brasileira desenvolveu uma visão distorcida sobre a busca por resultados nas organizações. Empresários que implementam medidas para aumentar a produtividade são frequentemente retratados como vilões, enquanto funcionários com baixo desempenho são tratados como vítimas de um sistema opressor. Essa mentalidade prejudica gravemente a competitividade das empresas brasileiras no cenário global.
O caso do Itaú ilustra perfeitamente essa problemática. O banco utilizou tecnologia para identificar funcionários com baixa performance e demitiu apenas 1% de seus 100 mil colaboradores. A reação da sociedade foi desproporcional, transformando uma decisão empresarial baseada em dados em motivo de polêmica nacional. Enquanto isso, questões estruturais sobre produtividade continuam sendo ignoradas.
A prática dos reajustes salariais anuais sem contrapartida em produtividade representa um dos maiores entraves para a eficiência empresarial no Brasil. Todo ano, as empresas enfrentam aumentos automáticos de 6% relacionados à inflação, acrescidos de 3% a 4% de aumento real negociado pelos sindicatos. O resultado é um crescimento de 9% a 10% na folha de pagamento sem qualquer garantia de aumento proporcional na produtividade.
Esse ciclo vicioso coloca os empresários em uma posição insustentável. Acordam anualmente com custos maiores sem contrapartida, sendo forçados a buscar eficiência contínua, cortar excessos e otimizar processos para manter a viabilidade do negócio. Quando não conseguem implementar essas melhorias, as empresas quebram, resultando na perda de 100% dos empregos, não apenas dos funcionários menos produtivos.
A judicialização das demissões transformou-se em outro obstáculo significativo para a gestão empresarial eficiente. Advogados trabalhistas incentivam funcionários demitidos por baixo desempenho a processar as empresas por danos morais, como se fosse crime identificar quem não cumpre suas funções adequadamente. Essa prática gera custos adicionais substanciais para as organizações.
Os custos dessa judicialização incluem contratação e treinamento, salários e encargos pagos durante períodos improdutivos, despesas de demissão como aviso prévio e FGTS, honorários advocatícios para defesa judicial e custos de recontratação. O resultado é uma paralisia empresarial institucionalizada, onde empresários têm medo de contratar, demitir e exigir produtividade de seus funcionários.
O movimento do quiet quitting, importado dos Estados Unidos, encontrou terreno fértil no ambiente trabalhista brasileiro. Esta prática, onde funcionários fazem apenas o mínimo necessário enquanto recebem salário integral, combina-se de forma perigosa com a estabilidade da CLT, proteção sindical e uma Justiça do Trabalho paternalista. Nos EUA, onde surgiu, existe uma cultura de performance que equilibra a prática, mas no Brasil ela se transforma em improdutividade institucionalizada.
O home office, amplamente celebrado como revolução no mundo do trabalho, apresenta desafios significativos quando analisado além das narrativas positivas predominantes. Embora funcione efetivamente para uma minoria de profissionais seniores, autodisciplinados e com funções compatíveis com o modelo remoto, para a maioria das empresas e colaboradores representa queda na produtividade.
A flexibilidade e o trabalho remoto funcionam adequadamente apenas quando há espaço adequado, disciplina pessoal e tarefas que permitem execução à distância. Para a massa de trabalhadores, especialmente aqueles que necessitam de orientação constante ou trabalham em equipe, o home office pode resultar em improdutividade institucionalizada. Entretanto, questionar essa modalidade publicamente tornou-se tabu, sendo considerado retrógrado.
O monitoramento e a busca por eficiência são frequentemente mal interpretados como invasão de privacidade ou opressão patronal. Tecnologias como task mining, que mapeiam atividades e identificam ineficiências, representam inteligência operacional básica necessária para compreender a força de trabalho. No setor financeiro, especificamente, o monitoramento não serve apenas para garantir produtividade, mas também para combater lavagem de dinheiro, prevenir fraudes e evitar infiltração do crime organizado.
A resistência ao uso de dados para gestão empresarial reflete uma mentalidade atrasada que impede o Brasil de acompanhar as melhores práticas internacionais. Empresas que utilizam softwares de monitoramento para rastrear atividades e identificar padrões de trabalho estão aplicando gestão baseada em evidências, não espionagem corporativa.
A tecnologia desempenha papel fundamental no aumento da produtividade moderna. Ferramentas digitais permitem automatizar processos repetitivos, otimizar fluxos de trabalho e liberar funcionários para atividades de maior valor agregado. Empresas que resistem à implementação tecnológica por receios ideológicos ficam para trás na competitividade global.
A integração de sistemas tecnológicos nas rotinas empresariais não representa ameaça ao emprego, mas oportunidade de evolução profissional. Funcionários que se adaptam às novas ferramentas tornam-se mais valiosos, enquanto aqueles que resistem às mudanças ficam obsoletos no mercado de trabalho.
A inteligência artificial representa a próxima fronteira na transformação do ambiente de trabalho. Esta tecnologia automatizará funções, otimizará processos e eliminará postos redundantes de forma inevitável. Profissionais e empresas que não se adaptarem serão ultrapassados pela evolução tecnológica global.
No Brasil, em vez de nos prepararmos para essa transformação, continuamos debatendo se é justo demitir funcionários improdutivos. Enquanto outros países investem em capacitação e adaptação às novas tecnologias, permanecemos presos a discussões ideológicas que impedem o progresso econômico.
A mudança cultural necessária para melhorar a produtividade brasileira passa por reconhecer que eficiência não é crueldade, mas estratégia de sobrevivência empresarial. Monitoramento não representa opressão, mas gestão inteligente baseada em dados. Demissão por baixo desempenho não constitui injustiça, mas aplicação da meritocracia.
É fundamental parar de demonizar empresários que buscam resultados e começar a celebrar aqueles que geram empregos e movimentam a economia. A mentalidade de funcionalismo público, que prioriza estabilidade acima da produtividade e direitos acima dos deveres, precisa ser substituída por uma cultura que valoriza o mérito e a contribuição efetiva.
O Brasil está em uma encruzilhada histórica. Pode continuar demonizando a busca por eficiência, protegendo a improdutividade e transformando empresários em inimigos públicos, mantendo-se na posição inferior do ranking mundial de produtividade. Alternativamente, pode acordar para a realidade de que países se desenvolvem através do trabalho árduo, mérito e busca constante por melhores resultados.
Enquanto tratarmos empresas como vilãs por buscar produtividade e a judicialização de demissões legítimas continuar sendo regra, o Brasil permanecerá preso ao atraso econômico. A transformação cultural necessária exige reconhecer que crescimento econômico e desenvolvimento social dependem fundamentalmente de organizações produtivas e competitivas no cenário global.
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