A Crise Silenciosa: Como Cuidar da Saúde Emocional dos Profissionais de RH em 2025

A saúde emocional dos profissionais de recursos humanos no Brasil enfrenta uma crise alarmante em 2025, com altos índices de ansiedade e burnout impactando a atuação desses gestores. A falta de reconhecimento e a sobrecarga de trabalho intensificam o estresse, afetando não só o bem-estar individual, mas também a eficiência organizacional. Este panorama revela a urgência de ações efetivas para promover o cuidado emocional e garantir um ambiente de trabalho mais saudável e sustentável.

A real situação da saúde emocional dos profissionais de recursos humanos no Brasil ganhou novos contornos em 2025, revelando números que demandam atenção urgente de empresários e gestores. A terceira edição do Panorama da Saúde Emocional do RH, que ouviu 889 profissionais entre junho e julho de 2025, apresenta um cenário que reflete desafios crescentes para quem está na linha de frente da gestão de pessoas.

Panorama da Saúde Emocional do RH em 2025

Os dados coletados em 2025 mostram uma deterioração significativa no bem-estar dos profissionais de recursos humanos. A pesquisa revela que os desafios emocionais estão diretamente relacionados à pressão por resultados, longas jornadas de trabalho e o acúmulo de múltiplas responsabilidades. Este cenário cria um paradoxo preocupante: os profissionais responsáveis por cuidar das pessoas dentro das organizações enfrentam dificuldades crescentes para preservar seu próprio equilíbrio emocional.

Altos Índices de Ansiedade e Burnout entre Profissionais de RH

A ansiedade consolidou-se como o principal sintoma enfrentado pelos profissionais de RH, atingindo 44% dos entrevistados. Quando analisamos o quadro geral de sintomas emocionais, os números se tornam ainda mais alarmantes: 53% dos profissionais conviveram com ansiedade, burnout ou depressão no último ano. A síndrome de burnout afeta 5% dos profissionais, enquanto a depressão atinge 4% do setor.

O aspecto mais preocupante desta análise está na redução drástica do número de profissionais que afirmam não apresentar sintomas relacionados à saúde mental. Este grupo passou de 35% em 2024 para apenas 22% em 2025, indicando uma deterioração generalizada das condições emocionais no setor. A média gerência emerge como o segmento mais vulnerável, com 48% relatando ansiedade e 7% enfrentando burnout.

A Realidade da Sobrecarga: 78% dos Profissionais se Sentem Sobrecarregados

A sobrecarga de trabalho permanece como um dos principais fatores de estresse no setor de recursos humanos. Embora tenha havido uma ligeira redução em relação a 2024, quando 82% relatavam sobrecarga, o índice atual de 78% ainda representa uma situação crítica. Entre os profissionais que atuam como Business Partners, este percentual atinge 91%, evidenciando a pressão específica desta função.

A extensão das jornadas de trabalho também apresentou piora significativa. O percentual de profissionais que trabalham mais de 10 horas por dia aumentou de 5% para 8,5% em apenas um ano. Esta realidade contribui diretamente para o desenvolvimento de sintomas relacionados ao estresse ocupacional e compromete a qualidade de vida dos profissionais, impactando tanto sua performance quanto sua saúde a longo prazo.

A Queda na Percepção de Lideranças Humanizadas

Um dos aspectos mais preocupantes identificados na pesquisa refere-se à percepção dos profissionais sobre suas lideranças. Em 2024, quase metade dos entrevistados (49%) classificava sua liderança como humanizada. Este percentual despencou para 38% em 2025, representando uma queda de 11 pontos percentuais em apenas um ano.

Paralelamente, cresceu a percepção de lideranças tóxicas, que passou de 8% para 12% no mesmo período. Esta mudança no ambiente organizacional contribui significativamente para o agravamento da saúde emocional dos profissionais de RH, criando um ciclo negativo que afeta não apenas o bem-estar individual, mas também a eficiência das políticas de gestão de pessoas implementadas pelas empresas.

A Importância do Reconhecimento no Ambiente de Trabalho

A falta de reconhecimento profissional emerge como um fator crítico para a saúde emocional do RH. A pesquisa revela que 38% dos profissionais não se sentem valorizados em suas posições, um índice que contribui diretamente para a desmotivação e o desenvolvimento de sintomas relacionados ao estresse ocupacional.

Adicionalmente, 44% dos profissionais relatam a necessidade de estarem disponíveis o tempo todo, criando uma cultura de hiperconectividade que impede o descanso adequado e a separação entre vida pessoal e profissional. Este cenário é particularmente desafiador para empresas em São Paulo, Rio de Janeiro e outras grandes capitais, onde a pressão por resultados imediatos muitas vezes se intensifica.

Impactos da Inteligência Artificial na Saúde Emocional do RH

A implementação de tecnologias baseadas em inteligência artificial trouxe mudanças significativas para o setor de recursos humanos. Atualmente, apenas 22% das empresas ainda não utilizam algum tipo de IA em seus processos, indicando uma adoção acelerada desta tecnologia.

Embora exista um reconhecimento crescente de que a inteligência artificial pode reduzir tarefas operacionais repetitivas, 64% dos profissionais ainda demonstram preocupações com seus impactos. As principais inquietações incluem riscos legais, questões éticas relacionadas ao uso de dados pessoais e a possibilidade de substituição de funções humanas. Esta incerteza tecnológica adiciona uma nova camada de estresse aos profissionais que já enfrentam sobrecarga em suas atividades cotidianas.

Atualização da NR-1 e sua Influência nas Políticas de Apoio

A atualização da Norma Regulamentadora 1 (NR-1), que passou a exigir a inclusão de riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos, representa um marco regulatório importante para a saúde mental no trabalho. Esta mudança foi vista de forma positiva por 65% dos profissionais entrevistados, que acreditam que a norma pode fortalecer as políticas de apoio dentro das organizações.

Contudo, a preparação das empresas para esta nova realidade ainda é insuficiente. Apenas 5% das organizações afirmam estar totalmente preparadas para implementar as mudanças exigidas pela norma atualizada. Esta lacuna entre a regulamentação e a prática empresarial evidencia a necessidade de maior investimento em capacitação e desenvolvimento de políticas internas de saúde mental.

Cuidando da Saúde Emocional do RH: Um Investimento Necessário

Os dados apresentados revelam uma tendência positiva no oferecimento de benefícios relacionados à saúde mental. O número de empresas que não oferecem nenhum incentivo nesta área caiu significativamente, de 60% em 2024 para 42% em 2025. Esta melhoria indica uma crescente consciência empresarial sobre a importância do bem-estar dos colaboradores.

Para empresas que buscam sustentabilidade e crescimento a longo prazo, o cuidado com a saúde emocional do RH deve ser encarado como investimento estratégico, não como custo operacional. Profissionais de recursos humanos saudáveis e motivados contribuem diretamente para a criação de ambientes organizacionais mais produtivos, reduzem custos relacionados ao absenteísmo e rotatividade, e fortalecem a reputação da empresa como empregadora de escolha.

A implementação de políticas efetivas de apoio à saúde mental requer abordagem integrada, incluindo flexibilização de horários, programas de bem-estar, capacitação de lideranças e criação de canais de apoio psicológico. Empresas em todas as regiões do Brasil, especialmente nos grandes centros urbanos onde a pressão competitiva é maior, precisam reconhecer que investir na saúde emocional do RH representa investir no futuro da organização

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