A descoberta de uma antiga ilha submersa no Oceano Atlântico, localizada a aproximadamente 1.200 km da costa brasileira, tem gerado grande interesse na comunidade científica e entre autoridades governamentais. De acordo com estudos recentes conduzidos pela Universidade de São Paulo (USP), esta formação geológica pode representar uma virada de jogo para o Brasil em termos econômicos, territoriais e geopolíticos.
Esta estrutura submarina, que jaz a cerca de 650 metros abaixo do nível do mar, possui dimensões impressionantes, comparáveis às da Islândia. Para se ter uma ideia, a Islândia ocupa uma área de aproximadamente 103.000 km², o que coloca a descoberta submarina entre as maiores formações do tipo já identificadas no Atlântico Sul. Sua localização estratégica, a 1.200 km da costa brasileira, a situa dentro da região de interesse para possível ampliação da Zona Econômica Exclusiva do país.
Um dos aspectos mais intrigantes da descoberta é a presença de solo com coloração avermelhada, semelhante ao encontrado em diversas regiões do território brasileiro. Esta característica levantou a hipótese de que a ilha possa ter sido habitada antes de seu submergimento. Segundo os pesquisadores da USP, a análise preliminar do solo sugere compatibilidade com materiais que poderiam suportar ocupação humana. Se confirmada, esta teoria poderia reescrever capítulos importantes da história pré-colonial da América do Sul e do Brasil, em particular.
Do ponto de vista jurídico, a descoberta abre caminho para uma possível ampliação da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) brasileira. Atualmente, o Brasil possui direitos soberanos para exploração e aproveitamento dos recursos naturais em uma área de aproximadamente 3,6 milhões de km² de oceano. Com a incorporação da ilha submersa e suas adjacências ao território nacional, essa área poderia expandir-se significativamente. Para isso, o país precisará apresentar evidências técnicas e científicas à Comissão de Limites da Plataforma Continental da ONU, demonstrando a conexão geológica entre a formação submersa e a plataforma continental brasileira.
As análises preliminares da região já identificaram um verdadeiro tesouro submarino. Levantamentos geológicos apontam para a presença de importantes depósitos de ferro e manganês, além de outros minerais estratégicos. Em uma época em que a demanda global por esses recursos só aumenta, impulsionada pelo crescimento da indústria de tecnologia verde e energias renováveis, o acesso a novas fontes desses minerais pode representar uma vantagem competitiva significativa para o Brasil no mercado internacional.
A exploração sustentável desses recursos poderia impulsionar diversos setores da economia brasileira. Estima-se que o desenvolvimento de tecnologias para exploração em águas profundas geraria milhares de empregos qualificados, incentivaria a inovação tecnológica nacional e atrairia investimentos internacionais. Para o Rio de Janeiro, tradicional polo da indústria naval e petrolífera brasileira, esta descoberta poderia significar um novo ciclo de crescimento econômico, com a ampliação de instalações portuárias e o desenvolvimento de novos centros de pesquisa e desenvolvimento.
Do ponto de vista geopolítico, o controle sobre essa área estratégica fortaleceria significativamente a posição do Brasil no Atlântico Sul. Em um contexto global de crescente disputa por recursos naturais e rotas marítimas, a ampliação do território marítimo brasileiro representaria um importante avanço na capacidade do país de proteger seus interesses nacionais e exercer influência regional. Para São Paulo e outros centros econômicos, isso poderia traduzir-se em novas oportunidades de negócios internacionais e acordos comerciais vantajosos.
Descobertas submarinas com potencial econômico semelhante já ocorreram em outras partes do mundo, com resultados expressivos. No Mar do Norte, por exemplo, a identificação de campos de petróleo e gás transformou a economia de países como Noruega e Reino Unido. Mais recentemente, no Pacífico, a descoberta de nódulos polimetálicos contendo cobalto, níquel e cobre tem despertado interesse global por seu potencial para suprir a crescente demanda por materiais utilizados em baterias e componentes eletrônicos. O Brasil, com esta nova descoberta, tem a oportunidade de seguir caminho semelhante, adaptado às especificidades e necessidades nacionais.
No entanto, a exploração em águas profundas apresenta desafios técnicos e ambientais consideráveis. A profundidade de 650 metros exigirá o desenvolvimento ou adaptação de tecnologias especializadas para mapeamento, extração e processamento dos recursos. Empresas brasileiras do setor de óleo e gás, como a Petrobras, que já possuem expertise em operações em águas profundas, poderiam liderar esse processo, beneficiando diretamente regiões como a Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, e Santos, em São Paulo.
Paralelamente, será necessário estabelecer rigorosos protocolos de proteção ambiental. O ecossistema marinho profundo é extremamente sensível e ainda pouco conhecido. Qualquer atividade exploratória deverá ser precedida por estudos de impacto ambiental abrangentes e acompanhada de monitoramento constante. Instituições de pesquisa marinhas brasileiras, como o Instituto Oceanográfico da USP e o Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), terão papel fundamental nesse processo.
Os próximos passos para o Brasil incluem a intensificação dos estudos científicos na região, com expedições oceanográficas multidisciplinares para mapear detalhadamente a formação geológica, analisar sua composição e avaliar seu potencial econômico com maior precisão. Simultaneamente, o governo brasileiro precisará preparar uma robusta documentação técnica para fundamentar a reivindicação territorial junto à Comissão de Limites da Plataforma Continental da ONU, processo que pode levar alguns anos até sua conclusão.
Para cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, que concentram importantes centros de decisão econômica e política, a descoberta representa uma oportunidade de consolidar sua liderança em setores estratégicos como pesquisa oceanográfica, exploração mineral e desenvolvimento tecnológico. Universidades e centros de pesquisa destas regiões já começam a formar equipes multidisciplinares para estudar os diversos aspectos desta descoberta histórica.
A confirmação da viabilidade econômica da exploração desses recursos submarinos, aliada ao reconhecimento internacional dos direitos brasileiros sobre a área, poderá inaugurar um novo capítulo na história econômica do país, com impactos positivos que se estenderão por gerações.
Referências:
https://www.contadores.cnt.br/noticias/empresariais/2025/05/15/descoberta-de-ilha-submersa-pode-mudar-a-economia-do-brasil.html
https://www.gov.br/fazenda/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/reforma-tributaria