A revolução digital nas notas promissórias: o que muda com a nova assinatura eletrônica no Brasil

No cenário econômico atual, as notas promissórias ainda representam importantes instrumentos de crédito para empresas brasileiras. No entanto, o modelo tradicional baseado exclusivamente em papel tem se mostrado cada vez mais inadequado frente às demandas por eficiência e agilidade no ambiente de negócios digital. Em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, onde concentram-se importantes centros financeiros, empresários têm enfrentado dificuldades com a burocracia e lentidão dos processos envolvendo esses documentos.

Essa realidade está prestes a mudar. A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados recentemente aprovou um projeto de lei que permite o uso de assinaturas eletrônicas em notas promissórias e em instrumentos de financiamento relacionados ao comércio internacional. A medida representa um avanço significativo na modernização do sistema financeiro brasileiro.

O projeto aprovado consolida duas propostas (PLs 1788/24 e 1789/24) apresentadas pelo deputado Marangoni (União-SP), unificadas em um substitutivo pelo relator, deputado Kim Kataguiri (União-SP). Segundo o relator, “o marco legal vigente não está ajustado às mudanças no ambiente tecnológico”, uma vez que a legislação atual sobre o tema data de décadas atrás, quando instrumentos eletrônicos não eram amplamente utilizados.

A implementação da assinatura eletrônica em notas promissórias funcionará por meio de tecnologias já consolidadas no mercado. Na prática, empresários e gestores poderão assinar estes documentos digitalmente usando certificados digitais, aplicativos de assinatura ou plataformas especializadas que garantem a autenticidade do signatário. O processo eliminará a necessidade de impressão, coleta de assinaturas físicas e armazenamento de documentos em papel.

Para empresas de diferentes portes, especialmente aquelas localizadas em polos comerciais como Campinas, Curitiba e Porto Alegre, os benefícios são significativos. A digitalização desses processos reduzirá custos administrativos, acelerará transações financeiras e minimizará riscos de extravio de documentos. Instituições financeiras também serão beneficiadas com processos mais ágeis, menores custos operacionais e redução de fraudes.

No comércio internacional, a medida terá impacto positivo para exportadores brasileiros. Empresas em regiões como Santos (SP), Itajaí (SC) e Paranaguá (PR), importantes polos de exportação, poderão agilizar operações de financiamento internacional. A aceitação de documentos assinados eletronicamente coloca o Brasil em consonância com práticas já adotadas por parceiros comerciais globais, potencialmente aumentando a competitividade de produtos brasileiros no exterior.

A segurança jurídica das assinaturas eletrônicas é garantida por avançados sistemas de criptografia que protegem contra falsificações. O deputado Marangoni destacou que “assinaturas eletrônicas utilizam criptografia e outros mecanismos de segurança, garantindo proteção contra fraudes e falsificações”. Além disso, a tecnologia permite rastreabilidade completa do documento, registrando quem o assinou e quando, criando um histórico verificável que aumenta a confiabilidade do processo.

As alterações propostas modificam significativamente a Lei da Letra de Câmbio e Nota Promissória de 1908, adaptando-a à era digital. Esta lei, que por mais de um século regulamentou esses instrumentos no formato físico, será atualizada para reconhecer a validade jurídica das assinaturas eletrônicas, mantendo os mesmos efeitos legais das assinaturas manuscritas.

O projeto também altera o Decreto-Lei 413/69, que trata de títulos de crédito industrial. Com a mudança, empresas industriais de regiões como o ABC paulista, Manaus (AM) e Joinville (SC) poderão utilizar a via digital para documentos relacionados a financiamentos para aquisição de máquinas, equipamentos e capital de giro, acelerando investimentos no setor.

Para que a proposta se torne lei, ainda são necessárias algumas etapas. O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados. Posteriormente, precisará ser aprovado tanto pela Câmara quanto pelo Senado. Se não houver alterações significativas durante a tramitação, a expectativa é que a lei possa entrar em vigor em breve, modernizando definitivamente esses importantes instrumentos financeiros.

Empresários e gestores financeiros já podem se preparar para essa transição digital. Recomenda-se:

  1. Familiarizar-se com as tecnologias de assinatura digital disponíveis no mercado
  2. Verificar a compatibilidade dos sistemas de gestão da empresa com documentos digitais
  3. Consultar especialistas em direito digital e contabilidade para entender como implementar os novos processos
  4. Planejar treinamentos internos para equipes que lidam com documentos financeiros
  5. Avaliar parcerias com instituições financeiras que já estejam se preparando para a mudança

Para empresas contábeis e escritórios de advocacia, especialmente em grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, esta é uma oportunidade para agregar valor aos clientes, orientando-os sobre como aproveitar ao máximo os benefícios da digitalização desses instrumentos financeiros.

A modernização das notas promissórias representa um importante passo na desburocratização do ambiente de negócios brasileiro, alinhando-se às práticas internacionais e facilitando transações financeiras em todo o território nacional. A mudança promete trazer mais eficiência, segurança e agilidade para o sistema financeiro, beneficiando empresas de todos os portes e setores.

Referências:

https://www.camara.leg.br/noticias/1172035-comissao-aprova-projeto-que-preve-assinatura-eletronica-em-notas-promissorias/
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2459719
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2459724