A Omnicanalidade como Estratégia Vital para Pequenos e Médios Varejistas em 2025

A revolução do varejo chegou para as pequenas e médias empresas, e ela atende pelo nome de omnicanalidade. No cenário competitivo de 2025, a jornada do consumidor brasileiro se tornou mais complexa, navegando entre lojas físicas, e-commerce, redes sociais e marketplaces com naturalidade. Para os empreendedores paulistas e de todo Brasil, compreender essa transformação não é mais opcional – é questão de sobrevivência.

Nos últimos anos, testemunhamos uma evolução significativa: da operação em canal único para a multicanalidade, e agora para a abordagem omnichannel. A pandemia foi um catalisador desse movimento, mas a mudança no comportamento do consumidor é o que realmente consolidou essa tendência. Hoje, seus clientes em São Paulo, Rio de Janeiro ou qualquer região do país esperam uma experiência fluida, independentemente de onde interagem com sua marca.

A transformação digital no varejo brasileiro

A venda multicanal, que antes representava uma vantagem competitiva para as grandes redes varejistas, tornou-se uma exigência do mercado também para as PMEs. Em 2025, empresas de todos os portes precisam garantir sua presença onde o cliente está, seja nas ruas de comércio tradicional como a 25 de Março em São Paulo, seja nas plataformas digitais mais relevantes.

A transformação digital acelerou drasticamente após a pandemia, criando um cenário onde o digital e o físico se complementam. Empreendedores que hesitam em expandir sua presença para múltiplos canais estão perdendo não apenas vendas imediatas, mas também relevância no mercado.

Dados da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico) mostram que o e-commerce brasileiro deve movimentar impressionantes R$235 bilhões em 2025, um crescimento significativo que evidencia a importância do ambiente digital para as PMEs.

Multichannel, crosschannel e omnichannel: entendendo as diferenças

Para o pequeno e médio empreendedor, compreender as nuances entre essas abordagens é fundamental. Em termos simples:

  • Multichannel (multicanal): Sua empresa está presente em diferentes canais (loja física no Centro de São Paulo, perfil no Instagram, conta no Mercado Livre), mas cada um funciona isoladamente, com gestão e experiências separadas.

  • Crosschannel: Existe alguma interação entre canais. Por exemplo, um cliente pode verificar disponibilidade de produtos online antes de visitar sua loja física em Campinas ou fazer um pedido pela internet e retirar na loja (click and collect).

  • Omnichannel: Representa a integração completa entre todos os canais. O cliente inicia uma compra pelo WhatsApp, continua pelo site e finaliza na loja física de Belo Horizonte, com experiência totalmente fluida. Seus sistemas reconhecem o cliente independentemente do canal utilizado.

Para PMEs que estão iniciando sua expansão multicanal, o primeiro passo é garantir presença consistente em diferentes plataformas, para então avançar gradualmente rumo à integração completa.

Desafios na implementação multicanal para PMEs brasileiras

Implementar uma estratégia multicanal eficiente não é simples para pequenas e médias empresas. Os principais desafios incluem:

  • Operação descentralizada: Muitas PMEs gerenciam cada canal separadamente, o que gera redundância e inconsistências.

  • Fragmentação de estoques: Sem integração, é comum o mesmo produto estar “em falta” no e-commerce enquanto está disponível na loja física do Brás ou da Saara.

  • Controle difuso: Preços diferentes para o mesmo produto em canais distintos geram desconfiança nos clientes.

  • Logística complexa: Gerenciar entregas e devoluções em múltiplos canais representa um grande desafio, especialmente considerando as dimensões continentais do Brasil.

Para superar esses obstáculos, a tecnologia se torna aliada indispensável, especialmente para empreendedores que precisam competir com empresas maiores em mercados regionais.

Centralizando a gestão: o papel dos ERPs

A centralização da gestão através de sistemas ERPs (Enterprise Resource Planning) é a espinha dorsal da operação multicanal eficiente. Plataformas como Bling, Nuvemshop, Tiny e outras soluções nacionais permitem que pequenos varejistas de Fortaleza a Porto Alegre integrem seus diferentes canais em um único painel.

Esses sistemas permitem que o empreendedor:

  • Gerencie inventário em tempo real, evitando vendas de produtos indisponíveis
  • Sincronize preços e promoções em todos os canais
  • Consolide pedidos vindos de diferentes plataformas
  • Acesse relatórios unificados de desempenho

Para a pequena farmácia no interior de Minas Gerais ou a loja de roupas em Manaus, isso significa poder competir em múltiplos canais com a organização de grandes players, mas mantendo o toque pessoal que caracteriza os pequenos negócios brasileiros.

Integração de sistemas: evitando inconsistências

Um dos maiores desafios para PMEs na operação multicanal é manter a consistência de estoque e preços entre diferentes plataformas. Quando um cliente encontra um produto disponível no site que está esgotado na loja física ou preços diferentes na loja do shopping e no marketplace, a experiência é frustrada.

A integração de sistemas resolve esse problema ao criar um fluxo de informações contínuo entre todos os canais. Tecnologias APIs (Application Programming Interfaces) permitem que diferentes plataformas “conversem” entre si, mantendo dados sincronizados.

Para implementar essa integração, recomenda-se:

  • Escolher soluções nativas em nuvem, que facilitam a conexão entre sistemas
  • Priorizar plataformas com marketplace de aplicativos e integrações prontas
  • Investir em treinamento da equipe para operação unificada
  • Implementar gradualmente, começando pelos canais mais relevantes

Pequenos varejistas de regiões como o ABC Paulista ou Grande Recife podem começar integrando seu PDV físico com as principais plataformas online, expandindo à medida que ganham confiança.

Padronização de processos para experiência uniforme

O cliente não enxerga canais, ele enxerga sua marca. Quando visita sua loja na Rua Oscar Freire ou acessa seu perfil no Instagram, ele espera a mesma identidade, o mesmo nível de serviço e a mesma experiência.

A padronização de processos é essencial para garantir essa uniformidade. Isso inclui:

  • Políticas de troca e devolução consistentes em todos os canais
  • Comunicação visual e tom de voz padronizados
  • Treinamento de colaboradores para oferecer o mesmo nível de atendimento
  • Procedimentos operacionais documentados

Uma joalheria em Goiânia ou uma loja de materiais esportivos em Curitiba precisa garantir que o cliente tenha a mesma sensação de confiança independentemente de onde compra.

Indicadores de desempenho para cada canal

Medir é fundamental para gerenciar. Para PMEs operando em múltiplos canais, alguns KPIs (Key Performance Indicators) essenciais incluem:

  • Taxa de conversão por canal: Identifica quais plataformas estão gerando mais vendas em relação ao tráfego recebido
  • Custo de aquisição de cliente (CAC): Mostra quanto você gasta para conquistar um novo cliente em cada canal
  • Valor médio de pedido: Analisa se há diferenças significativas entre canais
  • Taxa de devolução por canal: Identifica possíveis problemas específicos
  • Customer Lifetime Value (CLTV): Avalia o valor que cada cliente traz ao longo de toda sua relação com a empresa

Esses indicadores ajudam a tomar decisões baseadas em dados, como direcionar mais investimentos para o e-commerce próprio ou intensificar a presença em marketplaces regionais específicos.

TikTok Shop e outras tendências emergentes

No dinâmico cenário de 2025, novas plataformas estão redefinindo o comércio eletrônico. O TikTok Shop, por exemplo, transformou a maneira como os consumidores brasileiros descobrem e compram produtos, especialmente nas categorias de moda, beleza e itens para casa.

Pequenos lojistas em cidades como Ribeirão Preto, Londrina ou Florianópolis estão utilizando criadores de conteúdo locais para apresentar seus produtos em formato de vídeo curto, aproveitando a autenticidade e a conexão imediata que a plataforma proporciona.

Outras tendências que merecem atenção incluem:

  • Social commerce: Instagram e WhatsApp evoluíram para plataformas completas de vendas
  • Live shopping: Transmissões ao vivo com vendas em tempo real ganharam popularidade
  • Realidade aumentada: Experimentação virtual de produtos antes da compra
  • Voice commerce: Compras por assistentes de voz como Alexa e Google Assistant

Para PMEs brasileiras, essas novas plataformas representam oportunidades de atingir consumidores com custos de aquisição potencialmente menores que em canais tradicionais.

Transformando dados em estratégias personalizadas

A inteligência de dados se tornou um diferencial competitivo acessível também para pequenas empresas. Em 2025, ferramentas de análise permitem que o pequeno varejista do Mercado Central de Belo Horizonte ou da Feira do Troca em Brasília entenda profundamente o comportamento de seus clientes.

Ao consolidar informações de todos os canais de venda, é possível:

  • Identificar padrões de compra regionalizados
  • Personalizar ofertas com base no histórico de interações
  • Prever tendências sazonais com maior precisão
  • Otimizar estoques de acordo com a demanda específica de cada canal

Plataformas como Google Analytics 4, ferramentas de CRM e recursos nativos dos ERPs fornecem insights valiosos sem necessidade de grandes investimentos ou especialistas em ciência de dados.

Logística integrada: superando gargalos operacionais

A logística representa um dos maiores desafios na operação multicanal, especialmente para PMEs com recursos limitados. Em um país de dimensões continentais como o Brasil, garantir entregas eficientes e econômicas exige estratégia.

Algumas soluções que estão ajudando empreendedores a superar esses desafios incluem:

  • Ship from store: Utilizar lojas físicas como mini-centros de distribuição, especialmente eficaz para negócios com múltiplas unidades em regiões metropolitanas como São Paulo e Rio de Janeiro
  • Parcerias com operadores logísticos regionalizados: Empresas especializadas em determinadas regiões como Nordeste ou Sul do país
  • Gestão integrada de fretes: Plataformas que comparam e otimizam opções de entrega em tempo real
  • Pontos de coleta: Parcerias com redes de lojas para oferecer opções de retirada em diferentes localidades

Ao otimizar a logística, PMEs conseguem oferecer prazos de entrega competitivos mesmo quando comparadas a grandes varejistas, especialmente em entregas locais.

Preparando seu negócio para o futuro do e-commerce brasileiro

Com a previsão da ABComm de que o e-commerce brasileiro alcance R$235 bilhões em 2025, é essencial que pequenas e médias empresas se posicionem estrategicamente nesse mercado em expansão. Algumas ações práticas incluem:

  • Investir em omnicanalidade genuína, não apenas presença em múltiplas plataformas
  • Escolher tecnologia escalável, que cresce conforme seu negócio evolui
  • Capacitar colaboradores para operação integrada entre físico e digital
  • Acompanhar constantemente o comportamento do consumidor em sua região
  • Testar novos canais de forma estruturada, medindo resultados

Para o empreendedor brasileiro, seja em grandes capitais ou no interior, o desafio é transformar resiliência em consistência, criando uma experiência verdadeiramente integrada para seus clientes em todos os pontos de contato.

A jornada do multicanal ao omnicanal pode parecer complexa, mas com planejamento adequado, ferramentas certas e foco no cliente, PMEs podem não apenas sobreviver, mas prosperar nesse novo cenário do varejo. Afinal, se existe uma característica que define o empreendedor brasileiro, é a capacidade de adaptação e inovação mesmo com recursos limitados.

Referências:

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