A Revolução da IFRS 18 no Brasil: Como se Preparar para as Novas Exigências Contábeis e Oportunidades no Mercado

A jornada da IFRS 18 no Brasil: implementação, desafios e oportunidades

O cenário contábil brasileiro está prestes a passar por uma importante transformação com a chegada da IFRS 18 – Demonstrações Financeiras Primárias. Publicada pelo International Accounting Standards Board (IASB) em abril de 2024, esta nova norma representa um marco significativo na padronização global das demonstrações financeiras, substituindo parte da IAS 1 e estabelecendo requisitos mais rigorosos e claros para a apresentação dos principais relatórios contábeis.

No Brasil, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) já iniciou o processo de análise e adaptação da norma à realidade nacional. Durante a 222ª Reunião Ordinária do CPC, realizada em 9 de maio de 2025, foi discutida a formação de um grupo dedicado à avaliação da tradução oficial do padrão, utilizando como base um documento inicialmente preparado pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).

A atuação do CPC neste processo é fundamental para garantir que a implementação da IFRS 18 no país ocorra de maneira adequada e alinhada às particularidades do ambiente de negócios brasileiro. O comitê, formado por representantes de diversas entidades contábeis e do mercado financeiro, tem a responsabilidade de elaborar pronunciamentos técnicos que servirão como diretrizes para as práticas contábeis nacionais.

Tecnicamente, a IFRS 18 traz mudanças substanciais na forma como as demonstrações financeiras devem ser apresentadas. Entre as principais inovações estão a introdução de novos subtotais obrigatórios na Demonstração do Resultado, como o “lucro operacional”, e requisitos mais específicos para a classificação e divulgação de receitas e despesas. Essas alterações visam aumentar a comparabilidade entre empresas e setores, facilitando a análise por parte de investidores e outros usuários das informações contábeis.

Para as empresas brasileiras, especialmente aquelas com operações em São Paulo, Rio de Janeiro e outras grandes capitais que abrigam corporações de capital aberto, estas mudanças representarão a necessidade de adaptação em seus sistemas e processos contábeis. A padronização proposta pela IFRS 18 deve proporcionar maior transparência e consistência nas informações financeiras divulgadas ao mercado.

O cronograma de implementação prevê que a norma entre em audiência pública no Brasil ao final de 2025, permitindo que as empresas e profissionais de contabilidade possam avaliar o texto e sugerir ajustes antes de sua adoção definitiva. Globalmente, a expectativa é que a IFRS 18 se torne obrigatória a partir de 2027, o que dá às organizações um período razoável para se prepararem adequadamente.

Simultaneamente à análise da IFRS 18, o CPC também está atento aos impactos contábeis decorrentes da reforma tributária brasileira. Foi aprovada a criação de um Grupo Técnico específico para estudar como os novos tributos – a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) – afetarão a escrituração contábil das operações de compra e venda.

Esta é uma questão particularmente relevante para empresas de diferentes portes e segmentos em todo o território nacional, desde pequenos negócios em cidades como Belo Horizonte e Porto Alegre até grandes corporações com presença em múltiplos estados. A forma como esses novos tributos serão contabilizados impactará diretamente a análise de desempenho e a tomada de decisões gerenciais.

Outro tema de grande importância abordado pelo CPC é a revisão do CPC 07 (R2) – Subvenção e Assistência Governamentais, bem como do ICPC (SIC 10). Ambos serão submetidos à audiência pública conjunta com o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Esta revisão visa adequar as normas brasileiras às mudanças recentes na legislação e às melhores práticas internacionais.

A Orientação Técnica sobre o CPC 07 também foi discutida durante a reunião, com foco em sua aplicação prática no contexto brasileiro. Este documento será essencial para que contadores e gestores financeiros, especialmente aqueles atuando em regiões como Nordeste e Centro-Oeste, onde incentivos fiscais e subvenções governamentais são comuns, possam aplicar corretamente as normas relacionadas ao reconhecimento e mensuração desses benefícios.

A adoção da IFRS 18, aliada às outras mudanças em curso, apresenta tanto desafios quanto oportunidades para os profissionais de contabilidade e para as empresas brasileiras. Entre os desafios estão a necessidade de atualização de conhecimentos, adaptação de sistemas e processos, e possíveis custos de implementação. Escritórios contábeis de Curitiba a Manaus precisarão investir em capacitação e tecnologia para atender adequadamente seus clientes durante esta transição.

Por outro lado, as oportunidades são igualmente significativas. A padronização trazida pela IFRS 18 deve facilitar comparações internacionais, potencialmente atraindo mais investimentos estrangeiros para empresas brasileiras. Profissionais que se especializam nestas novas normas tendem a se destacar no mercado, e as empresas que se adaptarem rapidamente poderão obter vantagens competitivas.

Para os contadores e auditores, esta é uma excelente oportunidade para reafirmar seu papel estratégico junto às organizações, atuando como consultores na implementação das novas normas e na análise de seus impactos nos negócios. Já as empresas, principalmente aquelas com operações em Salvador, Recife e outras capitais com economias diversificadas, podem aproveitar o momento para revisar seus processos contábeis e financeiros, buscando maior eficiência e transparência.

A jornada de implementação da IFRS 18 no Brasil está apenas começando, mas já é possível vislumbrar um cenário de maior padronização, transparência e comparabilidade nas demonstrações financeiras brasileiras. Este é um movimento que alinha o país às melhores práticas globais e fortalece a confiabilidade das informações contábeis produzidas pelas empresas nacionais.

Neste contexto de mudanças, manter-se informado e buscar constantemente atualização profissional será essencial para contadores, auditores, gestores financeiros e empresários em todo o Brasil, de Florianópolis a Belém. As transformações nas normas contábeis e tributárias representam não apenas desafios técnicos, mas também oportunidades para repensar processos e estratégias, contribuindo para um ambiente de negócios mais transparente e eficiente.

Referências:

https://cfc.org.br/noticias/pronunciamento-tecnico-sobre-ifrs-18-e-discutido-pelo-cpc/
https://www.ifrs.org/news-and-events/news/2024/04/iasb-issues-ifrs-18-primary-financial-statements/
https://ibracon.com.br/noticias/iasb-emite-nova-norma-ifrs-18-impactos-e-principais-alteracoes
https://www.grantthornton.com.br/insights/artigos/2024/ifrs-18-publicada-o-que-muda/

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