A detecção precoce do câncer de mama é vital, mas menos de 40% das mulheres elegíveis no Brasil realizam mamografia pelo SUS. Essa realidade alarmante contrasta com as metas da OMS e evidencia a urgência de políticas públicas que ampliem o acesso e a conscientização sobre a importância desse exame. Para salvar vidas, é fundamental garantir que todas as mulheres tenham acesso a essa ferramenta preventiva essencial.

A detecção precoce do câncer de mama através da mamografia representa um dos pilares fundamentais na luta contra essa doença, que figura entre as principais causas de morte por câncer em mulheres no Brasil. No entanto, dados recentes revelam uma realidade preocupante: a cobertura de mamografias pelo Sistema Único de Saúde (SUS) alcança menos de 40% das mulheres na faixa etária prioritária de 50 a 69 anos.

Este cenário se torna ainda mais alarmante quando comparado às diretrizes internacionais. A Organização Mundial da Saúde estabelece como meta que pelo menos 70% das mulheres nessa faixa etária realizem o exame a cada dois anos. O contraste entre os números brasileiros e a recomendação internacional evidencia a dimensão do desafio enfrentado pelo sistema público de saúde.

Levantamentos do Ministério da Saúde confirmam que a proporção de mulheres que conseguem realizar mamografia pelo SUS permanece significativamente abaixo do ideal. Esta deficiência na cobertura compromete diretamente a eficácia dos programas de rastreamento, impactando negativamente as chances de diagnóstico precoce da doença.

Diversos fatores contribuem para esta baixa cobertura, sendo a falta de acesso um dos principais obstáculos. A distribuição desigual de recursos e estrutura inadequada em várias regiões do país criam barreiras significativas para que as mulheres realizem o exame preventivo.

Os problemas operacionais representam outro grande desafio. A escassez de equipamentos adequados, aliada às longas filas de espera, desestimula muitas mulheres a buscar o exame. Essa situação é agravada pela falta de manutenção adequada dos aparelhos existentes e pela necessidade de modernização do parque tecnológico disponível no SUS.

A conscientização da população sobre a importância da mamografia também se mostra insuficiente. Muitas mulheres ainda desconhecem a relevância do exame preventivo ou possuem receios relacionados ao procedimento, fatores que contribuem para a baixa adesão aos programas de rastreamento.

As consequências dessa baixa cobertura se refletem diretamente nos indicadores de saúde pública. O diagnóstico tardio do câncer de mama resulta em maiores taxas de mortalidade, uma vez que as chances de cura diminuem significativamente quando a doença é detectada em estágios mais avançados.

Além disso, o tratamento de casos diagnosticados tardiamente demanda recursos muito superiores ao manejo de tumores identificados precocemente. Esta situação gera um ciclo vicioso, onde a falta de investimento em prevenção resulta em custos muito maiores para o tratamento de casos avançados.

O Instituto Nacional de Câncer reforça que a detecção precoce através da mamografia pode reduzir significativamente a mortalidade por câncer de mama, especialmente quando aliada a um sistema de saúde estruturado para oferecer tratamento adequado e oportuno.

Apesar das limitações, o SUS mantém o programa de mamografias gratuitas como parte integrante das ações de prevenção do câncer de mama. Este serviço representa uma conquista importante para a saúde pública brasileira, garantindo acesso universal a um exame essencial para a saúde feminina.

Entretanto, as limitações estruturais do sistema de saúde impedem que o programa atinja seu potencial máximo. A necessidade de agendamento com grande antecedência, a concentração de equipamentos em grandes centros urbanos e a falta de integração entre diferentes níveis de atenção são alguns dos desafios a serem superados.

A Sociedade Brasileira de Mastologia enfatiza que a ampliação do acesso à mamografia deve ser prioridade nas políticas públicas de saúde, especialmente considerando o perfil epidemiológico do câncer de mama no país.

Para reverter este quadro, especialistas recomendam a implementação de estratégias integradas que abordem as múltiplas dimensões do problema. A integração de políticas públicas focadas na ampliação do atendimento surge como uma necessidade urgente, exigindo coordenação entre diferentes esferas governamentais.

A educação em saúde representa outro pilar fundamental para aumentar a cobertura de mamografias. Campanhas de conscientização mais efetivas, que utilizem linguagem acessível e abordem os receios da população, podem contribuir significativamente para maior adesão aos programas de rastreamento.

A capacitação de profissionais de saúde também se mostra essencial. Desde técnicos em radiologia até médicos da atenção básica, todos os envolvidos no processo precisam estar adequadamente preparados para orientar as mulheres e garantir a qualidade dos exames realizados.

A modernização dos equipamentos constitui investimento prioritário para melhorar a eficiência do sistema. Aparelhos mais modernos não apenas oferecem maior precisão diagnóstica, mas também proporcionam maior conforto às pacientes, reduzindo a resistência ao exame.

Sem melhorias substanciais no acesso e na qualidade dos serviços oferecidos, a expectativa de redução nas taxas de mortalidade por câncer de mama permanecerá comprometida. A urgência desta situação demanda ação coordenada de gestores públicos, profissionais de saúde e sociedade civil.

A ampliação da cobertura de mamografias pelo SUS representa não apenas uma questão técnica ou orçamentária, mas um imperativo ético relacionado ao direito fundamental à saúde. Garantir que todas as mulheres tenham acesso a este exame essencial é investir na vida e no bem-estar de milhões de brasileiras.

O enfrentamento deste desafio exige visão de longo prazo e comprometimento sustentado com políticas públicas efetivas. Somente através de investimentos consistentes em infraestrutura, recursos humanos e tecnologia será possível aproximar o Brasil das metas internacionais de cobertura mamográfica.

Referências

https://www.sbmastologia.org.br/
https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-mama