O assédio no ambiente de trabalho é uma realidade alarmante que afeta profundamente profissionais no Brasil, comprometendo suas vidas pessoais e carreiras. Uma pesquisa revela que 48,5% dos trabalhadores já vivenciaram assédio moral, enquanto a falta de denúncia, impulsionada pelo medo de retaliação, perpetua esses ciclos de violência. Este post discute a urgência de políticas antiassédio e a construção de ambientes corporativos éticos e inclusivos, essenciais para o bem-estar dos colaboradores e a saúde organizacional.

O assédio no ambiente de trabalho representa uma realidade preocupante que afeta profissionais em todo o Brasil, impactando tanto a vida pessoal quanto a trajetória profissional das vítimas. Esta problemática, que se manifesta de diferentes formas e intensidades, exige atenção urgente de empresários, gestores e profissionais de recursos humanos para a criação de ambientes corporativos mais seguros e inclusivos.

A pesquisa “Trabalho Sem Assédio 2025”, realizada pela consultoria Think Eva em parceria com o LinkedIn, revela dados alarmantes sobre esta questão. O estudo demonstra que quase metade dos profissionais brasileiros já vivenciou assédio moral no trabalho, evidenciando a amplitude do problema nos ambientes corporativos contemporâneos. Esta pesquisa traça um panorama abrangente sobre os assédios moral e sexual nos ambientes profissionais, seus impactos devastadores e as respostas ainda insuficientes das organizações.

O medo de retaliação emerge como o principal obstáculo para a denúncia dos casos de assédio. Segundo o levantamento, 48,5% dos profissionais afirmam não denunciar situações de assédio por receio de sofrer represálias ou perder o emprego. Este cenário de silenciamento perpetua ciclos de violência e contribui significativamente para a subnotificação dos casos, impedindo que as organizações tenham uma visão real da gravidade do problema em seus ambientes internos.

O assédio moral continua sendo a forma de violência mais recorrente nos ambientes profissionais brasileiros. Apesar dos avanços nas discussões sobre o tema, esta modalidade de agressão psicológica persiste como uma realidade cotidiana para muitos trabalhadores. O cenário torna-se ainda mais complexo devido aos sentimentos de insegurança, exposição e descrédito que cercam as vítimas. Entre os profissionais que sofreram assédio moral, os sintomas mais frequentes incluem desânimo (43%), ansiedade e depressão (34%) e significativa queda na autoconfiança (33%). As consequências são tão severas que um em cada seis profissionais pediu demissão após vivenciar esta forma de violência, enquanto um em cada três repensou completamente seus planos de carreira.

O assédio sexual também representa uma realidade amplamente presente nos ambientes corporativos, embora seja caracterizado por baixíssimas taxas de denúncia formal. Mais de um terço das mulheres afirma já ter enfrentado situações de assédio sexual ao longo da carreira, enquanto 57% dos profissionais – homens e mulheres – relatam ter presenciado episódios desta natureza no trabalho. Em 75% dos casos registrados, estas agressões ocorrem pelo menos uma vez por mês, demonstrando a recorrência do problema. Paradoxalmente, apenas 10% das mulheres que sofreram assédio sexual recorreram aos canais oficiais das empresas, evidenciando uma lacuna crítica entre a ocorrência e a denúncia formal.

A implementação de políticas antiassédio robustas surge como necessidade fundamental para as organizações modernas. Os principais motivos que impedem as denúncias incluem o medo da impunidade, da exposição pública e da minimização por parte de colegas ou lideranças. Apenas 35% dos casos chegam efetivamente ao conhecimento das empresas, e aproximadamente 50% dos colaboradores afirmam não perceber ações concretas de combate ao assédio em seus ambientes de trabalho. Estes dados evidenciam falhas estruturais significativas nos sistemas internos de proteção e acolhimento.

O desconhecimento da legislação representa outro obstáculo significativo no combate ao assédio. Mesmo em empresas obrigadas a implementar ações preventivas, conforme determina a Lei Emprega + Mulheres (Lei 14.457/22), impressionantes 83% dos profissionais afirmam desconhecer a legislação ou suas obrigações básicas. Este dado revela um gargalo crítico de comunicação interna e formação contínua, indicando que as empresas precisam investir mais em programas educativos e de conscientização sobre direitos e deveres relacionados ao tema.

Os impactos do assédio transcendem o ambiente profissional, afetando profundamente a saúde mental e as perspectivas de carreira das vítimas. No caso específico do assédio sexual, mais de um terço das mulheres relata já ter passado por essa situação, sendo que 16% deixaram seus empregos como consequência direta desta violência. Estes números demonstram como o assédio não apenas prejudica o bem-estar individual, mas também gera custos significativos para as organizações em termos de rotatividade, produtividade e reputação corporativa.

A era digital trouxe novas dimensões para o problema do assédio, expandindo suas manifestações para além dos limites físicos do ambiente de trabalho. A pesquisa indica que 27% dos profissionais receberam mensagens de cunho sexual inadequado em plataformas digitais, enquanto 29% já sofreram exposição, comentários ofensivos ou constrangimentos em redes sociais. Esta realidade exige das empresas uma abordagem mais abrangente, que considere também os ambientes virtuais onde seus colaboradores interagem profissionalmente.

A criação de ambientes de trabalho verdadeiramente seguros demanda coragem organizacional e ações estruturantes por parte das lideranças. É fundamental fortalecer a cultura ética, implementar canais de denúncia eficazes e estabelecer protocolos claros de apuração. As organizações que investem nesta transformação não apenas protegem seus colaboradores, mas também fortalecem sua reputação e competitividade no mercado. A construção de uma cultura organizacional baseada no respeito, na diversidade e na inclusão representa um investimento estratégico que beneficia tanto os profissionais quanto os resultados empresariais, criando um ciclo virtuoso de produtividade, inovação e sustentabilidade corporativa.

Referências

  1. https://mundorh.com.br/medo-de-demissao-silencia-vitimas-de-assedio-no-trabalho/