O cenário financeiro para pequenas e médias empresas (PMEs) no Brasil apresenta desafios consideráveis. Dados do Sebrae revelam um panorama preocupante: cerca de 38% das micro e pequenas empresas brasileiras encerram suas atividades antes de completar cinco anos, sendo a má gestão financeira um dos principais fatores para esse encerramento precoce. A realidade varia entre regiões do país, com áreas metropolitanas geralmente apresentando melhores taxas de sobrevivência em comparação com municípios menores e mais afastados, onde o acesso a recursos, tecnologia e capacitação é mais limitado.
A ausência de um planejamento financeiro estruturado afeta diretamente a longevidade dos negócios. Sem controles adequados, empresários enfrentam dificuldades para distinguir entre finanças pessoais e empresariais, comprometendo a saúde financeira da empresa. Essa falta de organização frequentemente resulta em decisões baseadas em intuição em vez de dados concretos, criando um ciclo de problemas que vai desde fluxo de caixa inconsistente até a incapacidade de aproveitar oportunidades de crescimento.
Em contrapartida, um levantamento realizado pelo Bling, ERP voltado para PMEs, apresentou dados animadores: empresas que utilizam sistemas de gestão integrados têm uma taxa de sobrevivência 10 pontos percentuais maior que a média nacional. Aproximadamente 83,4% dessas empresas permanecem ativas após cinco anos, contra 74% no mercado geral. Essa diferença significativa demonstra como a adoção de ferramentas tecnológicas para gestão financeira pode transformar a trajetória de um negócio.
Os benefícios de um ERP integrado vão além da organização financeira. Essas plataformas proporcionam visibilidade em tempo real das operações, facilitam a tomada de decisões baseadas em dados e automatizam processos que, se realizados manualmente, consumiriam tempo precioso do empreendedor. Para empresas que atuam em múltiplos canais de venda, os ERPs são particularmente valiosos, pois ajudam a gerenciar as diferentes margens e fluxos de recebimento característicos de cada canal.
Para estruturar uma rotina eficiente de controle financeiro, o empreendedor deve começar pelo básico: o registro sistemático de todas as entradas e saídas. Esse processo deve incluir:
- Cadastramento detalhado de fornecedores e despesas fixas no sistema de contas a pagar
- Registro consistente de todas as vendas, com suas respectivas condições de pagamento
- Acompanhamento diário do fluxo de caixa, monitorando a diferença entre recebimentos e pagamentos
- Conciliação regular entre os registros do sistema e os extratos bancários
A implementação dessas práticas permite visualizar com clareza a saúde financeira do negócio e antever possíveis desafios, como períodos de baixa liquidez ou necessidade de capital para investimentos.
A automação financeira por meio de ERPs representa uma evolução natural para PMEs que buscam crescimento sustentável. Atualmente, essas plataformas oferecem funcionalidades que vão muito além do simples registro de transações. Sistemas como o Bling permitem automatizar processos como conciliação bancária, eliminando a necessidade de planilhas paralelas e reduzindo erros manuais.
A integração com sistemas de pagamento também simplifica consideravelmente a rotina financeira, facilitando a emissão de boletos e geração de links de cobrança com Pix ou cartão. Todas essas operações são registradas automaticamente no sistema, garantindo a integridade das informações e poupando tempo valioso do empreendedor.
Para negócios que enfrentam oscilações sazonais ou necessitam de capital para aproveitar oportunidades, as soluções digitais de crédito e antecipação de recebíveis representam um avanço significativo. Diversos ERPs agora incorporam essas funcionalidades, permitindo análises simplificadas de crédito e liberação rápida de recursos diretamente na conta digital do empreendedor.
Essas soluções são particularmente relevantes para pequenos negócios, que tradicionalmente enfrentam mais barreiras no acesso ao crédito bancário convencional. A possibilidade de antecipar recebíveis ou obter capital de giro com processos simplificados e taxas competitivas contribui para a sustentabilidade financeira em momentos críticos.
Para implementar e manter processos financeiros consistentes, as PMEs brasileiras devem adotar algumas práticas fundamentais:
- Separação clara entre finanças pessoais e empresariais, preferencialmente com contas bancárias distintas
- Definição de pró-labore adequado para sócios, evitando retiradas que comprometam o capital de giro
- Revisão periódica da precificação de produtos e serviços, considerando todos os custos envolvidos
- Acompanhamento regular dos indicadores financeiros principais, como margem de contribuição e ponto de equilíbrio
- Planejamento tributário adequado, escolhendo o regime fiscal mais vantajoso para o negócio
- Investimento contínuo em capacitação sobre gestão financeira, tanto para o empreendedor quanto para a equipe
A consistência na aplicação dessas práticas é mais importante que a sofisticação das ferramentas utilizadas. Um controle simples, mas realizado diariamente, traz resultados mais efetivos que análises complexas feitas esporadicamente.
Embora o sucesso de uma empresa não dependa exclusivamente da capacidade de gestão financeira, é inegável que este é um pilar fundamental para o crescimento sustentável. Priorizar a criação de uma cultura e processos consistentes de controle financeiro traz benefícios que superam em muito as dificuldades iniciais de implementação.
Referências:
https://www.promomais.com.br/blog/6-dicas-de-planejamento-financeiro-para-pmes/
https://exponencial.digital/financas/planejamento-financeiro-para-pequenas-empresas/
https://cursou.com.br/artigos/como-fazer-um-planejamento-financeiro-empresarial