Quais são as principais estratégias da Abstartups para apoiar startups em um cenário de alta da taxa Selic e guerras comerciais?
A Abstartups desenvolveu um conjunto de estratégias para fortalecer o ecossistema de startups brasileiras frente ao cenário desafiador de alta da taxa Selic e tensões comerciais internacionais. Claudia Schulz, recém-empossada CEO da associação, destacou que o foco será em três pilares principais: capacitação financeira intensiva, ampliação do acesso a capital e fortalecimento das conexões entre startups e grandes empresas. Diante das altas taxas de juros, a Abstartups implementará programas de mentoria específicos para gestão de caixa e planejamento financeiro em cenários adversos, além de criar roteiros personalizados para acesso a linhas de financiamento alternativas com condições mais favoráveis. A entidade também intensificará a intermediação de relações comerciais entre startups e empresas tradicionais, buscando fomentar contratos que garantam receita recorrente e maior estabilidade financeira para os empreendedores tecnológicos.
Como a Abstartups pretende fortalecer a base de startups associadas e quais benefícios essa ação trará?
Para fortalecer sua base de associados, a Abstartups planeja implementar um programa de benefícios expandido, com descontos exclusivos em serviços essenciais (jurídicos, contábeis e de infraestrutura tecnológica), além de criar comunidades temáticas por verticais de negócio que permitirão trocas de experiências mais direcionadas. Será lançada também uma plataforma digital proprietária para conectar associados entre si e com potenciais investidores e clientes corporativos. Entre os benefícios esperados dessa estratégia estão a redução de custos operacionais para as startups, o aumento da capacidade de sobrevivência em momentos de escassez de capital, a criação de uma rede de suporte mais robusta e o fortalecimento do poder de representação coletiva em negociações setoriais e pleitos junto a órgãos governamentais. Claudia Schulz enfatizou que o objetivo é elevar o número de associados em 40% nos próximos dois anos, ampliando a representatividade da associação.
Qual o impacto esperado do Projeto de Lei nº 252/2023 (CICC) para o investimento em startups no Brasil?
O Projeto de Lei nº 252/2023, que institui o Certificado de Investimento Coletivo em Startups (CICC), representa um potencial marco para o financiamento de startups no Brasil. A Abstartups projeta que sua aprovação poderá democratizar o acesso ao capital de risco, permitindo que pessoas físicas invistam em startups com maior segurança jurídica e potenciais benefícios fiscais. Segundo análises da associação, o CICC pode injetar até R$ 3 bilhões adicionais no ecossistema anualmente a partir de sua implementação completa, criando uma fonte alternativa de financiamento em um momento de retração do venture capital tradicional. A Abstartups tem atuado ativamente no apoio à tramitação do projeto, promovendo discussões técnicas com legisladores e reguladores para aprimorar o texto e garantir um equilíbrio entre proteção aos investidores e viabilidade operacional para as startups. A expectativa é que o CICC complemente os dispositivos já existentes no Marco Legal das Startups, fortalecendo o ambiente regulatório para investimentos em inovação.
Como a Abstartups planeja articular e desenvolver pactos regionais de inovação no Brasil e quais regiões serão prioritárias?
A Abstartups planeja implementar uma estratégia de pactos regionais de inovação baseada na articulação entre poder público local, instituições de ensino, empresas e comunidades de startups. O programa “Ecossistemas Conectados” será lançado inicialmente em cinco regiões prioritárias: Norte (com foco em Manaus e Belém), Nordeste (Salvador e Recife), Centro-Oeste (Goiânia e Brasília), Sudeste (além dos polos já consolidados, cidades médias com potencial de crescimento) e Sul (fortalecimento de clusters já existentes). A metodologia envolverá mapeamentos detalhados das vocações econômicas regionais, facilitação de diálogos entre os atores locais e apoio técnico na elaboração de planos de desenvolvimento de ecossistemas com horizonte de cinco anos. As prioridades foram definidas considerando critérios como potencial de impacto socioeconômico, existência de iniciativas prévias e necessidade de descentralização do ecossistema nacional de startups, tradicionalmente concentrado no eixo Sul-Sudeste.
De que forma a Abstartups pretende fomentar o relacionamento entre startups e grandes empresas, promovendo a inovação aberta?
A Abstartups implementará o programa “Conexões Corporativas”, focado especificamente no fomento de relacionamentos produtivos entre startups e grandes empresas. O programa incluirá a criação de uma plataforma digital de matchmaking baseada em desafios reais das corporações, rodadas de negócios setoriais com abordagem personalizada de acordo com verticais específicas (agrotech, fintech, healthtech, etc.) e um serviço de concierge de inovação para facilitar os primeiros contratos entre startups e departamentos corporativos. Além disso, a Abstartups estabelecerá um programa de certificação de práticas justas para corporações, reconhecendo aquelas que adotam processos de contratação transparentes e condições equitativas no relacionamento com startups. O objetivo é não apenas aumentar o volume de negócios entre esses atores, mas também criar relações de parceria sustentáveis que respeitem as particularidades das empresas nascentes e possibilitem seu crescimento saudável através da colaboração com grandes players.
Quais ações a Abstartups desenvolverá para oferecer educação financeira aos empreendedores de startups?
A Abstartups implementará um programa abrangente de educação financeira denominado “Finanças para o Crescimento”, estruturado em múltiplos níveis de complexidade e adaptado às diferentes fases de maturidade das startups. O programa incluirá workshops práticos sobre gestão de caixa e precificação, mentorias individualizadas com CFOs experientes do mercado, e uma plataforma de conteúdo digital com ferramentas de simulação financeira. Serão abordados temas como estruturação de captação, diluição societária consciente, alternativas de financiamento (dívida vs. equity), estratégias tributárias otimizadas e preparação para due diligence financeira. Um diferencial do programa será o foco em cenários macroeconômicos adversos, preparando os empreendedores para navegar em períodos de alta de juros e retração de capital de risco. A Abstartups também estabelecerá parcerias com instituições financeiras para desenvolvimento de material educativo customizado para o contexto específico das startups brasileiras.
Como a Abstartups pretende atuar para facilitar o acesso das startups a diferentes fontes de financiamento, incluindo fundos públicos, multilaterais e programas internacionais?
A Abstartups estabelecerá um escritório dedicado de apoio ao financiamento, que terá como missão mapear, filtrar e simplificar o acesso a diversas fontes de capital. Este escritório criará um banco de dados dinâmico de oportunidades de financiamento, categorizadas por setor, estágio, região e requisitos específicos. Para fundos públicos, a associação implementará um sistema de alertas antecipados sobre editais e chamadas, além de oferecer auxílio técnico na elaboração de propostas competitivas. Quanto aos fundos multilaterais e internacionais, a Abstartups firmará parcerias com organizações como BID, BNDES e agências de fomento internacionais, co-criando programas específicos para startups brasileiras. Adicionalmente, a associação promoverá capacitações sobre modalidades alternativas como financiamento coletivo, venture debt e subvenções fiscais, diversificando as opções de captação disponíveis. Um projeto piloto de “investimento conectado” também será lançado, permitindo que startups associadas tenham exposição facilitada a uma rede pré-qualificada de investidores nacionais e internacionais.
Qual o plano da Abstartups para incentivar a inovação aberta e atrair novos parceiros estratégicos para o ecossistema de startups?
O plano da Abstartups para fomentar a inovação aberta e expandir parcerias estratégicas se baseia na criação do programa “Ecossistema Expandido”, que buscará integrar novos atores ao ambiente de startups. A iniciativa contempla a criação de um conselho consultivo com representantes de setores tradicionalmente menos presentes no ecossistema (como indústria pesada, varejo físico e serviços públicos), laboratórios de co-criação entre diferentes indústrias e startups, e uma rodada anual de demonstração de cases de sucesso. A Abstartups também estabelecerá um programa de “embaixadores corporativos”, capacitando profissionais seniores de grandes empresas para atuarem como pontes com o ecossistema empreendedor. Para atrair parceiros internacionais, serão estabelecidos acordos de cooperação com associações similares em mercados estratégicos como Estados Unidos, Portugal, Israel e países do Sudeste Asiático, facilitando a entrada de startups brasileiras nesses mercados através de programas de soft landing e a vinda de investidores para o Brasil.
Como a experiência de Claudia Schulz em setores como cultura e setor público influenciará sua gestão na Abstartups?
A trajetória multissetorial de Claudia Schulz, que inclui passagens pelos setores cultural e público, deve imprimir características distintivas à sua gestão à frente da Abstartups. Sua experiência com políticas públicas e articulação institucional será fundamental para fortalecer o diálogo da associação com diferentes esferas governamentais, especialmente em um momento de implementação do Marco Legal das Startups e discussão de novas políticas setoriais. Do setor cultural, Schulz traz a visão de que a diversidade de perspectivas impulsiona a inovação, o que deve refletir em iniciativas de inclusão mais abrangentes dentro do ecossistema de startups. Como ela própria destacou em sua declaração ao assumir o cargo: “Aceitei este desafio porque acredito profundamente no poder transformador das startups”, demonstrando seu comprometimento com o potencial do setor. Sua experiência em gestão de organizações que dependem tanto de sustentabilidade financeira quanto de impacto social alinha-se com os desafios contemporâneos das startups, que precisam equilibrar crescimento e propósito.
Em termos de legislação, quais são os principais desafios que as startups enfrentam atualmente no Brasil?
Apesar dos avanços trazidos pelo Marco Legal das Startups (Lei Complementar 182/2021), persistem desafios legislativos significativos para as startups brasileiras. Entre os principais estão a complexidade tributária, com regimes fiscais nem sempre adequados à realidade de empresas inovadoras em fase inicial; a burocracia para operações internacionais, dificultando tanto a entrada de capital estrangeiro quanto a expansão global das startups brasileiras; e a insegurança jurídica em áreas emergentes como criptoativos, inteligência artificial e open banking, onde a regulação ainda está em desenvolvimento. A Abstartups identifica também como entraves as restrições para contratação flexível de talentos, incompatíveis com as necessidades de crescimento rápido e sazonalidade de projetos, além da dificuldade de acesso a compras públicas, que poderiam representar um mercado significativo para soluções inovadoras. A associação mantém um grupo de trabalho permanente de assuntos regulatórios, monitorando propostas legislativas e atuando preventivamente para evitar retrocessos e promover avanços que facilitem o empreendedorismo inovador no país.
Qual o papel da Abstartups na promoção da diversidade e inclusão no ecossistema de startups?
A Abstartups assumiu um compromisso estratégico com a diversidade e inclusão, reconhecendo que o ecossistema brasileiro de startups ainda enfrenta desafios significativos nesta área. A associação implementará o programa “Inovação Diversa”, com metas concretas para ampliar a representatividade de grupos sub-representados no setor. As iniciativas incluem a criação de um fundo de bolsas para programas de capacitação destinados a empreendedores de grupos minorizados, parcerias com organizações especializadas em diversidade para desenvolvimento de metodologias de inclusão adaptadas ao contexto de startups, e um sistema de mentorias cruzadas para conectar fundadores experientes com novos talentos diversos. Adicionalmente, a Abstartups estabelecerá métricas de diversidade em seus próprios eventos e programas, exigindo representatividade mínima em painéis e seleções, além de produzir relatórios periódicos sobre o panorama da diversidade no ecossistema nacional, criando benchmarks para o setor. A entidade também articulará com investidores a criação de compromissos voluntários para diversificação de seus portfólios.
Como a Abstartups pretende medir o sucesso de suas iniciativas e o impacto no crescimento das startups brasileiras?
A Abstartups implementará um sistema abrangente de métricas para avaliar o impacto de suas iniciativas no ecossistema empreendedor, estruturado em três níveis: resultados diretos, impactos no ecossistema e transformações sistêmicas. No nível de resultados diretos, serão monitorados indicadores como número de startups beneficiadas por iniciativa, volume de investimentos captados por empresas participantes dos programas e taxa de sobrevivência comparada ao benchmark do setor. Para mensurar impactos no ecossistema, a associação acompanhará métricas como densificação de comunidades regionais, diversificação das fontes de capital e nível de maturidade dos ecossistemas locais. Já no âmbito das transformações sistêmicas, será estabelecido um índice composto que avaliará mudanças na cultura empreendedora, integração de startups em cadeias produtivas e influência em políticas públicas setoriais. A Abstartups também implementará uma pesquisa longitudinal com suas associadas, acompanhando sua evolução ao longo de cinco anos para identificar padrões de sucesso e fatores limitantes. Os resultados dessas avaliações serão divulgados anualmente em um relatório público, permitindo ajustes estratégicos e transparência com todos os stakeholders.