O Brasil enfrenta atualmente um cenário desafiador com a confirmação de dois casos de gripe aviária (H5N1) em território nacional. O primeiro caso foi identificado em uma granja comercial em Montenegro, no Rio Grande do Sul, em 15 de maio, e o segundo em um zoológico de Sapucaia do Sul, também no RS. Além desses focos confirmados, outros seis casos estão sob investigação, distribuídos em diferentes estados, incluindo Tocantins, Santa Catarina, Ceará, Pará e Rio Grande do Sul, envolvendo tanto granjas comerciais quanto criações domésticas e de subsistência.
Diante dessa situação, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) implementou medidas emergenciais imediatas em Montenegro. Foi declarada emergência zoossanitária na região, permitindo a mobilização rápida de recursos e pessoal técnico especializado. As ações incluíram o descarte sanitário de todas as aves da propriedade afetada, limpeza e desinfecção completa das instalações, além da instalação de barreiras sanitárias para controlar o trânsito de animais e produtos avícolas na região.
O impacto nas exportações brasileiras de carne de aves foi imediato e significativo. Seguindo protocolos internacionais, o Brasil suspendeu temporariamente as exportações para 20 países, incluindo mercados importantes como China, União Europeia e México. Essa medida preventiva, embora cause impacto econômico no curto prazo, demonstra o compromisso do país com a transparência e a segurança sanitária. O Brasil, como um dos maiores exportadores mundiais de carne de frango, adota essa postura para preservar sua credibilidade no mercado internacional.
Nas zonas de contenção e vigilância, protocolos sanitários rigorosos foram implementados. Foi estabelecido um perímetro de controle com raio de 10 km ao redor do foco inicial, dividido em zona de contenção (3 km) e zona de vigilância (7 km adicionais). Nessas áreas, todas as propriedades avícolas estão sendo submetidas a vistorias técnicas, coletas de amostras para análises laboratoriais e restrições no trânsito de aves e produtos avícolas. Esses procedimentos seguem diretrizes internacionais e visam evitar a disseminação do vírus.
A transparência na comunicação tem sido uma estratégia fundamental do governo brasileiro para manter a credibilidade internacional do setor avícola do país. O ministro Carlos Fávaro tem enfatizado a importância de informar com precisão e rapidez tanto o mercado interno quanto os parceiros comerciais internacionais sobre cada desenvolvimento da situação. Essa postura de abertura e clareza nas informações é essencial para que os compradores internacionais mantenham a confiança nos processos de controle sanitário do Brasil, especialmente considerando a importância do país como fornecedor global de produtos avícolas.
O processo de monitoramento das propriedades no raio de 10 km da área do foco segue critérios técnicos rigorosos. Equipes do serviço veterinário oficial realizam visitas periódicas a todas as propriedades da região, verificando sinais clínicos nas aves, coletando amostras para análises laboratoriais e orientando produtores sobre medidas preventivas. Esse monitoramento intensivo permite a detecção precoce de possíveis novos casos e a implementação imediata de medidas de contenção.
Um aspecto crucial desse processo é o ciclo de observação de 28 dias, estabelecido após as medidas de contenção inicial. Durante esse período, todas as propriedades da zona afetada permanecem sob vigilância intensiva, sem registro de novos casos. Ao final desse ciclo, caso não sejam identificados novos focos, o Brasil poderá solicitar a autodeclaração de área livre da doença para a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), permitindo gradualmente a retomada das exportações para os mercados que impuseram restrições.
Quanto ao mercado interno, as autoridades sanitárias brasileiras garantem a total segurança para o consumo de produtos avícolas. O Mapa, em conjunto com associações do setor como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), reforça que não há qualquer risco à saúde humana pelo consumo de carne de frango e ovos comercializados no país. Isso porque todos os produtos destinados ao consumo passam por rigorosos controles sanitários e processos de inspeção.
As ações de rastreabilidade e destruição de produtos originados da granja afetada demonstram a eficiência do sistema sanitário brasileiro. Imediatamente após a confirmação do caso em Montenegro, foi realizado um minucioso trabalho de rastreamento de todos os produtos e subprodutos com origem na propriedade. Os itens identificados foram localizados e destruídos, seguindo protocolos de biossegurança, impedindo que qualquer produto potencialmente contaminado chegasse ao mercado consumidor ou fosse exportado.
Quanto às suspensões de exportação, observa-se um quadro variado conforme cada país importador. Alguns mercados, como a China, suspenderam as importações de todo o território brasileiro, enquanto outros adotaram restrições regionalizadas, limitando a suspensão apenas a produtos originários do Rio Grande do Sul ou até mesmo de municípios específicos. Essa diferença reflete os acordos sanitários bilaterais existentes entre o Brasil e cada nação importadora, bem como a confiança desses países no sistema brasileiro de controle sanitário e compartimentalização.
Em Porto Alegre e região metropolitana, incluindo Montenegro, onde o primeiro foco foi detectado, o impacto econômico é mais perceptível, com produtores locais enfrentando restrições mais severas. No entanto, o trabalho coordenado entre autoridades federais, estaduais e o setor produtivo tem sido fundamental para minimizar os prejuízos e acelerar o processo de recuperação do status sanitário da região.
O rigor das medidas adotadas pelo Brasil demonstra o compromisso do país com a excelência sanitária e a proteção tanto da saúde pública quanto da credibilidade internacional de seu agronegócio. A expectativa é que, mantido o controle da situação e seguindo todos os protocolos internacionais, o país possa brevemente recuperar seu status sanitário e retomar plenamente suas exportações avícolas.
Referências:
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