A volta do horário de verão em 2025 gera discussões sobre sua possibilidade de aliviar a pressão no sistema elétrico brasileiro. Com estimativas de economia significativa e impactos positivos no bem-estar e na sustentabilidade, a medida pode ser uma solução viável frente aos desafios atuais. No entanto, questões regionais e sociais precisam ser cuidadosamente balanceadas para garantir benefícios equitativos.
O debate sobre a volta do horário de verão em 2025 ganha força em um cenário de crescente demanda energética e preocupações com a sobrecarga do sistema elétrico brasileiro. A medida, que foi suspensa há cinco anos, ressurge como uma possível solução para enfrentar os desafios atuais de fornecimento de energia e sustentabilidade ambiental.
A decisão de suspender o horário de verão em 2019 foi tomada após estudos que indicavam redução na eficácia da medida. O Ministério de Minas e Energia justificou a suspensão argumentando que o horário de verão “não mais produzia os resultados esperados de redução de consumo de energia elétrica”, principalmente devido às mudanças nos hábitos de consumo da população brasileira.
No entanto, a situação energética atual apresenta novos desafios que podem justificar a reintrodução da medida. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) projeta economia significativa com a volta do horário de verão, estimando redução de até 2,5 gigawatts (GW) de potência no Sistema Interligado Nacional durante os horários de pico. Essa economia representaria alívio substancial para as linhas de transmissão e distribuição, especialmente no período crítico entre 18h e 21h.
Os dados do ONS revelam que o horário de verão poderia gerar economia de aproximadamente R$ 400 milhões entre os meses de outubro e fevereiro. Essa projeção ganha relevância considerando que o relatório do PEN 2025-2029 prevê crescimento de 14,1% na carga elétrica até 2029, o que intensificará os riscos de déficit de potência no sistema.
Além dos benefícios econômicos diretos, a reintrodução do horário de verão apresenta vantagens ambientais importantes. Com o adiamento em uma hora do horário, há redução da necessidade de acionamento de usinas térmicas durante os picos de consumo, resultando em menor emissão de CO₂ e uso reduzido de fontes fósseis. Cada megawatt economizado no período de pico contribui para o compromisso brasileiro com as metas de sustentabilidade ambiental.
A extensão da luz natural no final da tarde também proporciona benefícios significativos para a qualidade de vida da população. Dias mais longos favorecem atividades externas, convívio familiar e práticas de lazer, fatores que impactam positivamente a saúde mental e o bem-estar geral. Esses benefícios se estendem à economia local, beneficiando setores como restaurantes, comércio e entretenimento.
Os argumentos favoráveis à volta do horário de verão se fortalecem quando considerado o contexto atual de risco de sobrecarga do sistema elétrico. A medida surge como parte de um conjunto de ações preventivas para evitar apagões ou situações emergenciais que exijam importação de energia ou acionamento de fontes mais caras de geração.
Contudo, críticas relevantes acompanham a proposta de reintrodução. Estudos indicam que a eficácia do horário de verão diminuiu devido às mudanças nos padrões de consumo residencial e comercial. O uso mais intensivo de aparelhos eletrônicos, sistemas de ar-condicionado e atividades que se estendem até mais tarde reduziram parte dos benefícios tradicionalmente obtidos com a medida.
Os desconfortos sociais e de saúde também merecem consideração. O ajuste do relógio pode impactar ciclos de sono, rotinas escolares e profissionais, além de afetar questões de segurança pública. Esses efeitos colaterais precisam ser balanceados com os benefícios esperados.
A aplicação nacional do horário de verão levanta questões sobre equidade regional. As regiões Norte e Nordeste, devido à proximidade com o Equador, apresentam pouca variação de luminosidade entre verão e inverno, obtendo benefícios limitados da medida. Essa disparidade regional sugere que os ganhos se concentram principalmente no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
A efetividade do horário de verão está diretamente relacionada aos hábitos de consumo da população. A crescente demanda por climatização artificial, especialmente no período vespertino, e o uso intensivo de equipamentos eletrônicos alteram o perfil de consumo energético, reduzindo potencialmente os benefícios da medida.
Para maximizar os benefícios do horário de verão, propostas complementares ganham importância. Incentivos à eficiência energética, programas de conscientização para substituição de lâmpadas convencionais, promoção de sistemas de ar-condicionado eficientes e melhorias no isolamento térmico de edificações podem amplificar os resultados da medida.
A viabilidade da volta do horário de verão em 2025 depende de uma análise cuidadosa que considere tanto os benefícios econômicos e ambientais quanto os desafios sociais e regionais. Pesquisas de opinião indicam que cerca de 55% dos brasileiros apoiam o retorno da medida, especialmente nas regiões onde os benefícios são mais evidentes. A implementação bem-sucedida requer diálogo público transparente, ajustes regionais e integração com políticas complementares de eficiência energética. Nesse contexto, o horário de verão pode representar uma ferramenta estratégica para enfrentar os desafios energéticos contemporâneos, desde que implementado com o cuidado e a abrangência necessários.
Referências
- https://mundorh.com.br/horario-de-verao-pode-voltar-em-2025/
- https://www.oglobo.com.br/economia/estudo-do-governo-bolsonaro-indica-que-fim-do-horario-de-verao-nao-aumentou-consumo-de-energia-1.23807483
- https://www.estadao.com.br/economia/apagao-expoe-fragilidade-do-sistema-eletrico-e-reacende-debate-sobre-volta-do-horario-de-verao/
- https://www.camara.leg.br/noticias/901548-especialistas-debate-a-volta-do-horario-de-verao-no-brasil/