A transformação na gestão sustentável está batendo à porta das empresas brasileiras com a chegada das normas IFRS S1 e S2 (CBPS 1 e 2). Estas diretrizes representam uma mudança significativa na forma como as organizações, especialmente em São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais brasileiras, deverão abordar e comunicar suas práticas de sustentabilidade.
Estas normas estabelecem padrões globais para divulgação de informações relacionadas à sustentabilidade, exigindo que as empresas reportem tanto seus impactos nos temas ESG (Ambiental, Social e Governança) quanto como os temas de sustentabilidade afetam seu valor empresarial. No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já iniciou o processo de adaptação dessas normas ao contexto nacional através das Consultas Públicas CBPS 1 e 2, que trarão impactos diretos para empresas de capital aberto e, eventualmente, para toda a cadeia produtiva.
Para as empresas brasileiras, especialmente aquelas localizadas em polos industriais como a região do ABC Paulista ou em centros financeiros como a Faria Lima, estas normas significam um novo patamar de transparência e responsabilidade. Não se trata apenas de cumprir requisitos regulatórios, mas de repensar estrategicamente como a sustentabilidade se integra ao modelo de negócios.
Os riscos e oportunidades em sustentabilidade corporativa precisam ser compreendidos como fatores determinantes para a competitividade futura. Empresas que ignorarem estas tendências enfrentarão dificuldades crescentes no acesso a capital, uma vez que investidores nacionais e internacionais estão cada vez mais atentos às práticas ESG. Em contrapartida, organizações que se anteciparem poderão se beneficiar de vantagens competitivas significativas.
Em cidades como Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre, onde a consciência ambiental já está mais enraizada, as empresas têm a oportunidade de se tornarem referências na implementação das normas CBPS. Isso inclui o desenvolvimento de novas linhas de produtos sustentáveis, a otimização de processos para redução de impactos ambientais e o fortalecimento de relacionamentos com comunidades locais.
Nesse cenário, a responsabilidade dos conselheiros na gestão de riscos ESG torna-se crucial. Os membros de conselhos de administração precisam estar capacitados para supervisionar e orientar as organizações nesta jornada. Não se trata mais de uma responsabilidade delegável exclusivamente aos departamentos de sustentabilidade ou compliance, mas de uma função estratégica que deve estar integrada às decisões de mais alto nível.
Conselheiros de empresas em todo o Brasil, desde startups em Florianópolis até multinacionais com sede em São Paulo, precisam desenvolver competências específicas para avaliar riscos climáticos, sociais e de governança. Isso inclui compreender conceitos como análise de cenários climáticos, precificação de carbono e transição para uma economia de baixo carbono.
Para empresas de médio porte em regiões como o interior de São Paulo, Minas Gerais ou Rio Grande do Sul, a comunicação eficaz com stakeholders sobre sustentabilidade torna-se um diferencial competitivo. Estratégias de comunicação transparentes e baseadas em dados concretos permitem construir relacionamentos mais sólidos com clientes, fornecedores, comunidades e investidores.
Esta comunicação deve ir além do marketing verde superficial. Relatórios claros, métricas verificáveis e metas ambiciosas, porém realistas, são elementos fundamentais para gerar confiança. Empresas brasileiras devem considerar as peculiaridades regionais em sua comunicação, destacando, por exemplo, como suas operações contribuem para o desenvolvimento socioeconômico local em regiões como o Nordeste ou Centro-Oeste.
A implementação das normas CBPS no contexto brasileiro seguirá um cronograma gradual, com desafios específicos para nossa realidade. O prazo para adequação dependerá da regulamentação final da CVM, mas as empresas que se anteciparem terão vantagens significativas. Em cidades como Salvador, Manaus ou Brasília, onde há concentração de setores específicos, os desafios de implementação podem variar conforme as características locais.
Entre os principais desafios estão a necessidade de sistemas robustos para coleta e análise de dados, a capacitação técnica de equipes e a integração da sustentabilidade à estratégia corporativa. Para empresas menores em regiões como o Vale do Paraíba ou Região dos Lagos, o acesso a recursos e conhecimento especializado pode representar barreiras adicionais.
Identificar e analisar riscos ambientais e sociais no ambiente corporativo exige uma abordagem sistemática e adaptada à realidade brasileira. As empresas precisam desenvolver metodologias que considerem tanto riscos físicos (como enchentes, secas ou ondas de calor que afetam diferentes regiões do país) quanto riscos de transição (como mudanças regulatórias ou de preferências de consumo).
Em regiões como o litoral paulista ou fluminense, os riscos de elevação do nível do mar podem impactar empresas de logística ou turismo. Já em regiões como o Centro-Oeste, as mudanças nos regimes de chuvas podem afetar significativamente o agronegócio. A análise desses riscos deve incorporar dados científicos e cenários de longo prazo, algo ainda pouco comum na gestão empresarial brasileira tradicional.
A transparência e confiança são verdadeiros pilares da comunicação de sustentabilidade. Empresas em todo o Brasil precisam compreender que o greenwashing (publicidade verde enganosa) não apenas compromete a reputação, mas pode gerar responsabilidades legais crescentes. A comunicação responsável deve basear-se em dados verificáveis e comparáveis, alinhados aos padrões internacionais que as CBPS 1 e 2 trazem.
Para empresas de Santa Catarina, Paraná ou Espírito Santo, por exemplo, comunicar claramente suas ações de preservação ambiental ou desenvolvimento social representa não apenas uma obrigação regulatória, mas uma oportunidade de diferenciação. Isso requer, contudo, investimentos em sistemas de mensuração e verificação que garantam a confiabilidade das informações divulgadas.
A capacitação profissional para a nova era de relatórios ESG é outro aspecto crucial. Profissionais de contabilidade, finanças, sustentabilidade e compliance em empresas de todo o Brasil precisarão desenvolver novas competências. Universidades e entidades de classe em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília já começam a oferecer formações específicas nesta área.
Para contadores e gestores financeiros de empresas no Recife, Fortaleza ou Belém, por exemplo, será necessário familiarizar-se com conceitos como materialidade de dupla perspectiva, conectividade das informações financeiras e não financeiras, e métodos de quantificação de impactos ambientais e sociais. Estas competências representarão um diferencial significativo no mercado de trabalho.
O papel dos executivos C-level na implementação das normas de sustentabilidade é determinante para o sucesso desta transição. CEOs, CFOs, COOs e outros líderes de alto escalão precisam incorporar a sustentabilidade em suas decisões estratégicas, não apenas como um requisito de compliance, mas como um direcionador de valor de longo prazo.
Em empresas de setores intensivos em carbono, como siderúrgicas na região de Minas Gerais ou petroquímicas no Rio de Janeiro, os executivos enfrentam o desafio de equilibrar a transição para uma economia de baixo carbono com a manutenção da competitividade no curto prazo. Já em empresas de tecnologia em polos como Campinas ou São José dos Campos, o desafio pode estar mais relacionado aos aspectos sociais e de governança.
Pensando na preparação adequada para enfrentar esses desafios, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) desenvolveu um curso específico sobre riscos de sustentabilidade e comunicação com o mercado. Esta formação capacita profissionais para lidar com as novas exigências regulatórias, oferecendo ferramentas práticas para a implementação das normas CBPS 1 e 2.
O curso do IBGC aborda desde os fundamentos das normas até aspectos práticos de sua implementação, incluindo metodologias para identificação de riscos, técnicas de comunicação eficaz e estratégias para engajamento de stakeholders. Voltado para conselheiros, executivos e profissionais de áreas relacionadas, o programa representa uma oportunidade valiosa para quem busca se destacar neste novo cenário.
Para profissionais atuando em empresas de diferentes portes e setores, de Porto Alegre a Manaus, esta capacitação oferece não apenas conhecimento técnico, mas também uma rede de contatos com outros profissionais enfrentando desafios semelhantes. O formato do curso permite a troca de experiências práticas e a discussão de casos reais do contexto brasileiro.
A adoção das normas IFRS S1 e S2 (CBPS 1 e 2) representa mais que uma mudança regulatória – é uma transformação profunda na forma como as empresas brasileiras devem pensar e comunicar sua relação com o meio ambiente, a sociedade e seus diversos stakeholders. Aquelas que se prepararem adequadamente não apenas evitarão riscos regulatórios, mas poderão converter este desafio em vantagens competitivas significativas.
Referências:
https://cfc.org.br/noticias/ibgc-realiza-curso-sobre-riscos-de-sustentabilidade-e-comunicacao-com-o-mercado-em-junho/
https://www.ibgc.org.br/blog/comunicado-sobre-as-normas-globais-ifrs-s1-e-s2
https://www.b3.com.br/pt_br/b3/sustentabilidade/reporting/relato-de-sustentabilidade-e-as-novas-normas-ifrs/
https://www.gov.br/cvm/pt-br/assuntos/normas/audiencias-publicas/audiencias-publicas-em-andamento/audiencia-publica-cbps-1-e-2
https://www.pwc.com.br/pt/estudos/servicos/auditoria/2023/ifrs-sustainability-disclosure-standards.html