Inovação e Sustentabilidade: O Papel da Natura Ventures na Revolução dos Bioplásticos no Brasil

A Natura Ventures e o Futuro dos Bioplásticos no Brasil: Como o Investimento na Mango Materials Transforma o Mercado de Embalagens

O mercado de Corporate Venture Capital (CVC) no Brasil vem ganhando força como estratégia de inovação aberta, permitindo que grandes empresas invistam em startups com tecnologias disruptivas. Nesse cenário, a Natura Ventures, fundo CVC da Natura gerido pela VOX Capital, tem se destacado em São Paulo como um dos principais atores no ecossistema de investimentos voltados à sustentabilidade. O recente aporte na startup norte-americana Mango Materials evidencia como empresas brasileiras estão utilizando o CVC não apenas para retorno financeiro, mas para impulsionar transformações significativas em suas cadeias produtivas.

A tecnologia desenvolvida pela Mango Materials representa um avanço significativo na produção de biopolímeros. Sua inovação consiste na captura de biometano – um gás aproximadamente 20 vezes mais prejudicial ao clima que o CO₂ – e sua transformação em Poli-hidroxiácidos (PHA). Este processo não apenas neutraliza um poluente atmosférico, mas o converte em um bioplástico de fonte renovável e completamente biodegradável, capaz de substituir os plásticos convencionais derivados de petróleo que tanto impactam nosso meio ambiente.

No Brasil, o mercado de bioplásticos apresenta perspectivas promissoras. Com uma crescente conscientização ambiental dos consumidores paulistanos e regulamentações mais rigorosas sobre o uso de plásticos descartáveis, empresas nacionais buscam alternativas sustentáveis para suas embalagens. Entretanto, desafios persistem: a infraestrutura limitada para reciclagem de biopolímeros, o ainda elevado custo de produção e a necessidade de adaptação das linhas industriais existentes. Por outro lado, o país conta com abundância de matéria-prima renovável, o que representa uma vantagem competitiva significativa para o desenvolvimento deste setor.

A estratégia de regeneração e circularidade da Natura Ventures em São Paulo reflete uma visão holística sobre o impacto dos negócios. Como explica Cecília Ribeiro, diretora de Novos Negócios e Inovação Aberta da Natura: “A Mango Materials une ciência de ponta, escalabilidade e impacto positivo — uma combinação rara e poderosa”. Esta abordagem busca não apenas minimizar impactos negativos, mas reimaginar completamente as cadeias produtivas para gerar valor positivo para pessoas, comunidades e o planeta, especialmente na cadeia de suprimentos local.

Para empresas brasileiras, a redução do uso de plástico convencional em embalagens traz benefícios multifacetados. Além de atender às expectativas de consumidores mais conscientes em São Paulo e outras capitais, essa substituição pode resultar em redução da pegada de carbono, menor dependência de recursos não-renováveis e alinhamento com tendências regulatórias globais que restringem plásticos de uso único. Empresas pioneiras nessa transição também conquistam vantagem competitiva em mercados que valorizam a sustentabilidade, podendo inclusive acessar créditos especiais e incentivos governamentais destinados a negócios verdes.

Um dos principais desafios para a adoção massiva do PHA é sua competitividade econômica frente aos plásticos convencionais, cujos processos produtivos já estão amplamente estabelecidos e otimizados. Contudo, a expectativa do mercado brasileiro é que, à medida que a produção ganhe escala, os custos se tornem mais acessíveis. Segundo dados do relatório da Mordor Intelligence sobre o mercado de bioplásticos PHA, projeta-se uma significativa redução de custos nos próximos anos, impulsionada pelo aumento da capacidade produtiva global e pelo desenvolvimento de tecnologias mais eficientes de fabricação.

No âmbito das parcerias estratégicas, o caso da colaboração entre Natura e Mango Materials já demonstra resultados concretos. A relação entre as empresas iniciou-se em 2018, quando a startup foi mapeada pela Natura como potencial parceira para substituição de plásticos e redução do impacto ambiental. Em 2020, ocorreu um primeiro investimento que resultou no lançamento da linha Biome, composta por produtos em barra, 100% naturais e livres de plástico. Este exemplo ilustra como parcerias estratégicas podem acelerar a inovação em toda a cadeia de valor.

Além disso, no cenário mais amplo do mercado, empresas como a Braskem também têm buscado parcerias com startups inovadoras para desenvolver alternativas sustentáveis ao plástico. A colaboração entre diferentes atores da cadeia produtiva potencializa o desenvolvimento tecnológico e acelera a escala comercial dessas soluções no Brasil.

As perspectivas globais para o mercado de PHA nos próximos anos são extremamente promissoras. De acordo com o relatório da Mordor Intelligence sobre bioplásticos PHA, espera-se um crescimento significativo entre 2024 e 2029, impulsionado pela crescente demanda por alternativas sustentáveis aos plásticos convencionais. Adicionalmente, conforme reportado pela Plastics News, a capacidade de produção global de PHA está aumentando substancialmente, com novas instalações e expansões planejadas para os próximos anos.

Para empreendedores brasileiros, especialmente em São Paulo, este cenário oferece lições valiosas. O caso da Mango Materials demonstra como negócios que combinam inovação científica com propósito ambiental podem atrair investimentos significativos. O modelo também evidencia a importância de construir relacionamentos de longo prazo com potenciais investidores e parceiros comerciais, além da necessidade de equilibrar escalabilidade com impacto positivo genuíno.

Finalmente, no que tange às boas práticas de marketing de conteúdo regional para atrair investidores e stakeholders em São Paulo, empresas devem focar na comunicação clara de suas inovações e seu impacto mensurável. Como destaca Molly Morse, CEO e cofundadora da Mango Materials: “Acreditamos que os materiais do futuro devem não apenas minimizar impactos, mas reverter danos. Nossa tecnologia nasceu com esse propósito: transformar resíduos problemáticos em soluções regenerativas.” Esta narrativa que combina propósito, ciência e resultados concretos ressoa fortemente com investidores e consumidores do mercado paulistano e brasileiro.

O investimento da Natura Ventures na Mango Materials representa mais que uma simples transação financeira – simboliza um movimento transformador no mercado brasileiro de embalagens, onde a inovação tecnológica se alia ao propósito ambiental para criar soluções verdadeiramente sustentáveis. À medida que esses biopolímeros ganham escala e reduzem seus custos, empresas paulistanas e de todo o Brasil terão novas ferramentas para realizar uma transição efetiva para modelos de negócio mais circulares e regenerativos.

Referências

  1. https://www.mordorintelligence.com/industry-reports/pha-bioplastics-market
  2. https://www.plasticsnews.com/news/report-pha-bioplastics-capacity-coming-strong-2024-25

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