Mudanças Estruturais no Cenário Tributário e Profissional: O Impacto do Microempreendedor Profissional e as Novas Diretrizes de Ação no Brasil

O cenário tributário e regulatório para profissionais liberais e empreendedores está passando por importantes transformações em todo o Brasil. A recente reunião do Fórum dos Conselhos Federais de Profissões Regulamentadas (Conselhão) trouxe à tona discussões fundamentais que impactam diretamente a vida de profissionais regulamentados e pequenos empreendedores em diversas regiões do país.

Os conselhos profissionais desempenham papel essencial na garantia da qualidade dos serviços prestados à sociedade. Essas entidades, espalhadas por todas as capitais e principais cidades brasileiras, não apenas fiscalizam o exercício profissional, mas também estabelecem normas, códigos de ética e padrões de conduta que norteiam as diversas categorias. Em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e outras metrópoles, onde a concentração de profissionais é maior, a atuação desses órgãos se torna ainda mais relevante para manter a ordem e a segurança dos serviços prestados.

Uma das grandes novidades discutidas no encontro foi a proposta do Microempreendedor Profissional (MIP), contemplada no Projeto de Lei Complementar 55/2022. Esta iniciativa representa um avanço significativo para profissionais liberais que atualmente enfrentam altas cargas tributárias, especialmente nas regiões metropolitanas onde a competitividade é mais acirrada. O MIP seria destinado a profissionais com receita anual de até R$ 240 mil e até dois empregados, estabelecendo um regime tributário simplificado com alíquota de até 5% sobre a receita bruta.

Quando comparamos com o cenário atual, a diferença é substancial. Hoje, pequenos prestadores de serviço que optam pelo Simples Nacional arcam com aproximadamente 15,5% de tributação. Em cidades como Curitiba, Porto Alegre e Florianópolis, onde há grande concentração de escritórios de arquitetura, engenharia, contabilidade e advocacia, esta redução tributária pode significar a viabilidade de muitos negócios que operam com margens apertadas.

Outro tema crucial abordado no Conselhão foi o enfrentamento à discriminação e ao assédio nos ambientes profissionais. O Conselho Federal de Nutrição (CFN) apresentou uma política estruturada em quatro pilares: prevenção, acolhimento, apuração e responsabilização. Esta iniciativa responde a um cenário preocupante revelado pelas estatísticas: entre 2020 e 2023, foram registrados cerca de 420 mil processos relacionados a assédio em ambientes de trabalho no Brasil, sendo que apenas 12% resultaram em algum tipo de penalização.

Em regiões como o Nordeste e o Centro-Oeste, onde tradicionalmente há menos recursos dedicados a programas de compliance e canais de denúncia, a implementação de políticas como esta se torna ainda mais necessária. Profissionais de Salvador, Recife, Fortaleza e Brasília poderão contar com diretrizes mais claras e mecanismos mais eficientes para combater situações de assédio e discriminação.

As discussões também abordaram as novas regulamentações para cursos de ensino superior a distância, tema especialmente relevante para estados como Amazonas, Pará e Mato Grosso, onde o acesso ao ensino presencial pode ser limitado pela distribuição geográfica. O Decreto nº 12.456/2025 estabelece que cursos EaD devem ter pelo menos 20% de atividades presenciais ou online síncronas, além de limitar o número de alunos por turma e endurecer as regras para abertura de novos polos.

Estas mudanças visam garantir a qualidade na formação profissional, questão diretamente ligada à fiscalização exercida pelos conselhos. Em Manaus, Belém e Cuiabá, onde a expansão de polos de EaD tem sido significativa, estas novas regras deverão impactar diretamente a oferta e a qualidade dos cursos disponíveis.

O controle interno emerge como uma ferramenta fundamental de governança nos conselhos de fiscalização profissional. Durante o encontro, o presidente do CFC, Aécio Dantas, destacou a importância do diálogo democrático para fortalecer a fiscalização e a governança das profissões regulamentadas. Em estados como Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Goiás, onde há forte tradição de associativismo profissional, estas práticas de governança tendem a encontrar terreno fértil para implementação.

O diálogo interinstitucional entre os conselhos profissionais também foi destacado como elemento crucial para o fortalecimento das categorias. Nas capitais do Sudeste e Sul, onde a concentração de sedes de conselhos é maior, este intercâmbio de experiências e boas práticas já ocorre com mais frequência, mas a intenção é estender estas redes de cooperação para todas as regiões do país.

A formalização profissional representa tanto desafios quanto oportunidades para pequenos empreendedores em todo o Brasil. Particularmente em regiões como o Norte e Nordeste, onde os índices de informalidade tendem a ser mais elevados, a criação do MIP pode servir como importante incentivo à regularização. Cidades como Palmas, Teresina e João Pessoa poderão observar um aumento significativo no número de profissionais formalizados, caso a proposta seja aprovada e implementada.

As entidades de classe, presentes em todas as unidades da federação, desempenham papel fundamental na defesa dos interesses dos profissionais regulamentados. Em São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais, onde estas organizações geralmente possuem maior estrutura e representatividade, a articulação política em favor de melhorias como o MIP tende a ser mais efetiva. No entanto, é fundamental que estas ações alcancem também cidades menores e regiões interioranas, onde muitos profissionais acabam isolados do debate e das decisões que afetam suas categorias.

A convergência destes temas demonstra que o ecossistema das profissões regulamentadas no Brasil está passando por transformações significativas, que vão desde aspectos tributários até questões de formação e conduta profissional. Para empreendedores e profissionais liberais de todo o país, acompanhar estas mudanças e participar ativamente do debate através das entidades representativas pode fazer toda a diferença na sustentabilidade e no crescimento de seus negócios.

Referências:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima