Novas Regras de Trabalho em Feriados: O Que Empresários Precisam Saber a Partir de Julho de 2025

Quais são as novas regras para o trabalho em feriados que entrarão em vigor a partir de julho de 2025?

A partir de julho de 2025, entrará em vigor a nova portaria do Ministério do Trabalho e Emprego que modifica as regras para o trabalho em feriados no setor de comércio. A principal mudança é que empresas comerciais só poderão funcionar durante feriados mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva firmada com o sindicato da categoria. Esta exigência substitui a regulamentação anterior, que permitia o funcionamento com base apenas na Lei 10.101/2000 e na Portaria MTE 945/2015, sem necessidade expressa de negociação sindical. A portaria mantém a exceção para atividades consideradas essenciais, que continuarão autorizadas a funcionar normalmente em feriados sem necessidade de acordo sindical específico.

Por que a negociação coletiva com sindicatos passou a ser obrigatória para que empresas do comércio funcionem em feriados?

A negociação coletiva tornou-se obrigatória porque o governo federal busca fortalecer o papel dos sindicatos e garantir que os direitos dos trabalhadores sejam efetivamente protegidos durante o trabalho em feriados. De acordo com o Ministério do Trabalho, a medida visa restaurar a aplicação correta da Lei 10.101/2000, que já previa a necessidade de negociação coletiva, mas que, na prática, vinha sendo flexibilizada. A obrigatoriedade da participação sindical busca assegurar que haja compensações adequadas e condições de trabalho dignas para os trabalhadores que atuam em dias de feriado, evitando imposições unilaterais por parte dos empregadores e protegendo o descanso como direito fundamental do trabalhador.

Quais setores são considerados essenciais e podem operar normalmente em feriados sem necessitar de acordos sindicais?

Conforme a nova portaria, permanecem autorizados a funcionar em feriados sem necessidade de acordo coletivo os seguintes setores considerados essenciais:

  • Indústrias (em geral, por não estarem contempladas na portaria)
  • Farmácias e drogarias
  • Hospitais e serviços de saúde
  • Postos de combustíveis
  • Hotelaria e meios de hospedagem
  • Transporte público e serviços relacionados
  • Serviços de segurança privada
  • Empresas de energia elétrica, água, saneamento e telecomunicações
  • Serviços funerários
  • Estabelecimentos localizados em rodoviárias, aeroportos e áreas de turismo quando em temporada ou períodos de alta demanda
  • Comércio de alimentos, como supermercados e mercados (exclusivamente para produtos alimentícios essenciais)

Estes setores são considerados essenciais devido à natureza de seus serviços, que não podem ser interrompidos sem causar prejuízos significativos à população.

Como permanecem as regras de pagamento para aqueles que trabalham em feriados, de acordo com a nova portaria?

A nova portaria não altera as regras de pagamento para o trabalho em feriados, mantendo-se as determinações já existentes na legislação trabalhista. Assim, continuam válidas as seguintes regras:

  • O empregador deve pagar em dobro as horas trabalhadas em feriados, conforme previsto no artigo 9º da Lei 605/1949, a menos que seja concedida uma folga compensatória em outro dia.
  • A remuneração adicional e outras condições específicas para o trabalho em feriados (como transporte, alimentação e segurança) devem ser detalhadas no acordo ou convenção coletiva.
  • O trabalhador também mantém o direito de receber os adicionais noturnos caso trabalhe no período entre 22h e 5h.
  • As escalas de trabalho devem ser comunicadas com antecedência mínima e o descanso semanal remunerado deve ser garantido.

A principal mudança está na obrigatoriedade de que estas condições sejam formalizadas via negociação coletiva, não mais por decisão unilateral do empregador.

Qual foi o objetivo do governo ao modificar as regras de funcionamento para empresas em feriados?

O principal objetivo do governo ao modificar as regras foi reestabelecer o equilíbrio nas relações trabalhistas, fortalecendo a negociação coletiva como instrumento de proteção aos direitos dos trabalhadores. Segundo declarações do Ministério do Trabalho, a medida visa:

  • Corrigir uma distorção na aplicação da Lei 10.101/2000, garantindo que a exceção ao descanso em feriados seja devidamente negociada coletivamente.
  • Fortalecer os sindicatos como entidades representativas dos interesses dos trabalhadores.
  • Assegurar que os trabalhadores do comércio tenham condições dignas quando precisarem trabalhar em feriados.
  • Harmonizar interesses econômicos com a proteção social, garantindo que o desenvolvimento econômico não ocorra à custa dos direitos trabalhistas fundamentais.
  • Promover o diálogo social e a negociação como método para solucionar conflitos entre capital e trabalho.

A medida se alinha à política trabalhista atual, que busca reverter o processo de flexibilização e precarização das relações de trabalho.

Como as novas regras afetam a competitividade do setor de comércio, segundo as críticas de entidades empresariais?

Segundo as críticas das entidades empresariais, as novas regras podem afetar negativamente a competitividade do setor de comércio por diversos motivos:

  • Aumento da burocracia e custos operacionais, já que as empresas precisarão participar de negociações coletivas para operar em feriados.
  • Insegurança jurídica devido à possível resistência de sindicatos em firmar acordos, o que pode levar a impasses nas negociações.
  • Desvantagem competitiva para empresas físicas em relação ao e-commerce, que continuará funcionando normalmente nos feriados sem as mesmas restrições.
  • Potencial redução do faturamento do setor comercial, especialmente em shopping centers, que têm nos feriados importantes datas de vendas.
  • Dificuldades para pequenos comerciantes que podem não ter representatividade efetiva nas negociações sindicais.
  • Risco de perda de postos de trabalho temporários que costumam ser criados especificamente para atender à demanda em feriados.

As entidades do setor, como a Confederação Nacional do Comércio (CNC) e associações de lojistas, argumentam que a medida representa um retrocesso em termos de liberdade econômica.

De que forma a nova regulamentação do trabalho em feriados visa reforçar os direitos trabalhistas no Brasil?

A nova regulamentação visa reforçar os direitos trabalhistas no Brasil de várias formas:

  • Garantindo que a exceção ao direito de descanso em feriados seja resultado de uma negociação legítima e não de imposição unilateral do empregador.
  • Fortalecendo o papel dos sindicatos como representantes dos interesses coletivos dos trabalhadores, dando-lhes poder efetivo de negociação.
  • Assegurando que as compensações pelo trabalho em feriado (seja em forma de remuneração adicional ou benefícios) sejam adequadamente estabelecidas em acordos coletivos.
  • Protegendo o direito ao descanso como elemento fundamental para a saúde e qualidade de vida do trabalhador.
  • Equilibrando as relações de poder entre empregadores e empregados, evitando que pressões econômicas resultem em perdas de direitos.
  • Promovendo o diálogo social como mecanismo para conciliar interesses econômicos com a proteção social.
  • Resgatando o espírito original da legislação trabalhista, que estabelece o descanso em feriados como regra e o trabalho como exceção condicionada.

Esta regulamentação se alinha com os princípios constitucionais de valorização do trabalho humano e com as convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Quais foram as reações dos sindicatos em relação à exigência de negociações coletivas para trabalho em feriados?

Os sindicatos receberam positivamente a nova portaria, considerando-a uma vitória para o movimento sindical e para os trabalhadores. As principais reações incluem:

  • Celebração do fortalecimento do papel das entidades sindicais nas relações de trabalho, devolvendo-lhes protagonismo na defesa dos interesses coletivos.
  • Manifestações de apoio ao governo por restaurar a aplicação correta da Lei 10.101/2000, conforme sua interpretação original.
  • Expectativa de que a medida proporcione melhores condições de negociação para garantir compensações adequadas aos trabalhadores.
  • Ênfase na importância do descanso em feriados para a saúde física e mental dos trabalhadores e para a convivência familiar.
  • Compromisso de responsabilidade nas negociações, buscando equilibrar a proteção aos direitos dos trabalhadores com a sustentabilidade econômica dos setores.
  • Planos de intensificar campanhas de sindicalização para ampliar sua representatividade.
  • Movimentação para estabelecer canais de diálogo com as entidades empresariais visando acordos que satisfaçam ambas as partes.

As centrais sindicais, como a CUT, Força Sindical e UGT, manifestaram-se publicamente em apoio à medida.

Qual o impacto econômico previsto com a implementação da nova portaria sobre trabalho em feriados no comércio?

O impacto econômico da implementação da nova portaria é objeto de debate entre diferentes setores. As principais previsões e análises incluem:

  • Segundo entidades empresariais, poderá haver redução no faturamento do comércio, especialmente em shopping centers e grandes varejistas, que têm nos feriados datas importantes para vendas.
  • Potencial diminuição na geração de empregos temporários tradicionalmente criados para atender à demanda em feriados.
  • Possível migração de vendas do comércio físico para o e-commerce, que não sofre as mesmas restrições de funcionamento.
  • De acordo com análises sindicais, pode haver melhoria na qualidade dos empregos no setor, com condições mais dignas e remuneração adequada para o trabalho em feriados.
  • Especialistas em economia do trabalho apontam para um possível aumento nos custos operacionais do comércio no curto prazo, mas com potencial estabilização à medida que as negociações coletivas se tornarem rotineiras.
  • Impacto variável conforme a região do país e o poder de negociação dos sindicatos locais, podendo criar disparidades regionais nas condições de funcionamento do comércio.
  • Possível redistribuição do consumo para outros dias da semana, sem necessariamente reduzir o volume total de vendas no médio prazo.

O Ministério do Trabalho argumenta que o impacto econômico negativo tende a ser neutralizado pelos ganhos em qualidade de vida e proteção social.

Em que aspectos as novas regras sobre trabalho em feriados alinham o Brasil com normas internacionais de proteção ao trabalho?

As novas regras sobre trabalho em feriados alinham o Brasil com normas e tendências internacionais de proteção ao trabalho em diversos aspectos:

  • Fortalecem o papel da negociação coletiva como instrumento de regulação das relações trabalhistas, em consonância com as Convenções 98 e 154 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
  • Reafirmam o direito ao descanso como elemento fundamental da dignidade do trabalhador, alinhando-se à Declaração Universal dos Direitos Humanos e ao Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
  • Promovem o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e proteção social, princípio central da Agenda de Trabalho Decente da OIT.
  • Seguem tendência observada em países europeus, onde o trabalho em feriados é limitado e condicionado a compensações significativas e/ou acordos coletivos.
  • Resgatam a tradição de diálogo social tripartite (governo, empregadores e trabalhadores) como mecanismo para avanços nas condições de trabalho.
  • Reforçam a perspectiva de que exceções a direitos trabalhistas devem ser negociadas e não impostas unilateralmente, alinhando-se às melhores práticas internacionais.
  • Contribuem para o combate à precarização do trabalho, problema global identificado pela OIT como desafio contemporâneo às políticas trabalhistas.

A medida representa um movimento de reaproximação do Brasil com os padrões internacionais de proteção ao trabalho após um período de flexibilização da legislação trabalhista.

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