Os afastamentos por transtornos mentais estão crescendo alarmantemente no Brasil, exigindo que empresários e gestores adotem uma postura proativa. Com um aumento de 68% em 2024, a saúde mental dos colaboradores demanda atenção especial e ações concretas, como ambientes de trabalho saudáveis e suporte emocional. Este post discute o contexto atual, os direitos dos trabalhadores e as medidas preventivas que as empresas podem implementar para enfrentar esse desafio.

Os afastamentos por transtornos mentais no ambiente de trabalho brasileiro atingiram patamares preocupantes, representando um desafio crescente para empresas e trabalhadores. Este cenário exige atenção redobrada de gestores e profissionais de RH, que precisam compreender tanto os fatores que contribuem para esse aumento quanto os direitos e procedimentos envolvidos.

Os números revelam a gravidade da situação. Em 2024, o Ministério da Previdência Social registrou 472 mil casos de afastamentos por saúde mental, representando um crescimento alarmante de 68% em relação ao ano anterior. A maior incidência concentra-se entre mulheres, com idade média de 41 anos, evidenciando um padrão que requer análise cuidadosa das causas estruturais.

Diversos elementos contribuem para o agravamento dos transtornos mentais no ambiente corporativo. A sobrecarga de funções tornou-se uma realidade para muitos profissionais, que enfrentam metas inalcançáveis e jornadas extenuantes. Essa pressão excessiva, combinada com conflitos internos e ambientes de trabalho tóxicos, cria um terreno fértil para o desenvolvimento de ansiedade e depressão.

A desigualdade de gênero emerge como fator agravante, especialmente considerando que as mulheres lideram as estatísticas de afastamento. O acúmulo de responsabilidades familiares e profissionais sobrecarrega esse grupo, criando um ciclo de estresse que pode evoluir para transtornos mais graves. Situações de assédio moral completam esse quadro preocupante, transformando o local de trabalho em fonte de adoecimento.

A campanha Setembro Amarelo ganha relevância especial neste contexto, trazendo em 2025 o lema “Se precisar, peça ajuda!”. Além de valorizar a vida e promover o cuidado com a saúde mental, a iniciativa destaca a importância de trabalhadores diagnosticados com ansiedade ou depressão conhecerem seus direitos, incluindo afastamentos e benefícios previdenciários.

Para acessar os benefícios previdenciários, o trabalhador deve seguir etapas específicas. O processo inicia com avaliação médica completa, comprovando a incapacidade temporária ou permanente através de laudos ou atestados especializados. Quando existe nexo ocupacional entre a doença e o ambiente de trabalho, a empresa deve emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT).

A perícia médica realizada pelo INSS representa etapa fundamental, avaliando histórico clínico, relatórios psicológicos, exames complementares e evolução do tratamento. Após confirmação do diagnóstico, o colaborador pode ter direito ao auxílio-doença comum ou, em casos de vínculo direto com o trabalho, ao auxílio-doença acidentário (B91), que garante 12 meses de estabilidade após o retorno.

A documentação adequada fortalece significativamente o pedido de afastamento. É essencial apresentar atestados médicos recentes, laudos psiquiátricos detalhados, relatórios de psicoterapia, prescrições de medicamentos, exames complementares e histórico de internações quando aplicável. Caso o INSS negue o benefício, o trabalhador pode recorrer administrativamente com apoio de perícia independente.

As mudanças regulatórias previstas para 2026 trarão impacto significativo na gestão empresarial. A atualização da NR-1 reforçará a fiscalização sobre riscos psicossociais, exigindo que empresas adotem medidas preventivas efetivas, sob risco de penalidades. Esta regulamentação representa oportunidade para integrar a saúde mental à gestão de riscos organizacionais.

As empresas podem implementar medidas preventivas concretas para reduzir os afastamentos. Criar ambientes de trabalho saudáveis, estabelecer metas realistas, promover equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e combater práticas de assédio são ações fundamentais. Programas de apoio psicológico e canais de comunicação abertos também contribuem para a prevenção.

O suporte emocional e informativo desempenha papel crucial nesse processo. Trabalhadores precisam sentir-se amparados e seguros para buscar ajuda, sem medo de retaliação ou preconceito. Conhecer os direitos e contar com orientação especializada faz diferença significativa no acesso aos benefícios e na recuperação da saúde mental.

A criação de um ambiente corporativo verdadeiramente saudável exige comprometimento contínuo de líderes, gestores de RH e colaboradores. Informação adequada, apoio especializado e medidas preventivas efetivas representam investimentos essenciais para proteger o bem-estar dos trabalhadores e garantir a sustentabilidade dos negócios. A sociedade e as organizações compartilham a responsabilidade de transformar os locais de trabalho em espaços que promovam, em vez de prejudicar, a saúde mental dos profissionais.

Referências

https://mundorh.com.br/afastamentos-por-saude-mental-crescem-e-preocupam-empresas/
https://www.cnnbrasil.com.br/saude/saude-mental-no-trabalho-como-as-empresas-podem-ajudar/
https://www.advogados.com.br/artigo/afastamento-do-trabalho-por-depressao-o-que-diz-a-lei/
https://www.zendesk.com/blog/o-que-e-o-setembro-amarelo-e-como-ele-se-relaciona-com-o-trabalho/