O Senior Experience um marco na gestão empresarial da América Latina, mostrando que a transformação digital é agora uma realidade que exige rápida adaptação. Com palestras de líderes influentes, o evento destacou a importância da empatia digital e da personalização na estratégia organizacional. Os insights promovem reflexão sobre como a coragem e a inovação são essenciais para navegarmos em um futuro em constante mudança.

O Senior Experience marcou um momento decisivo para a gestão empresarial na América Latina. O evento, realizado pela Senior Sistemas no Transamerica Expo Center em São Paulo, reuniu mais de 2 mil lideranças empresariais em torno de um tema fundamental: a transformação digital como força motriz para modelos de gestão de alta performance.

Com mais de 70 palestrantes e 40 horas de conteúdo exclusivo, o encontro demonstrou que a revolução tecnológica já não é uma promessa futura, mas uma realidade presente que exige adaptação imediata das organizações.

Destaques do Evento: Palestras e Insights sobre Transformação Digital

O evento estruturou-se em cinco trilhas temáticas voltadas para segmentos estratégicos — Agronegócio, Construção, Logística, Indústria e Tecnologia — além de plenárias transversais focadas em inteligência artificial, gestão de pessoas, inovação e liderança de alto impacto.

Jean Paul Vieira, diretor-executivo de Marketing e Produto da Senior Sistemas, destacou o diferencial da curadoria estratégica: “Enquanto vemos uma saturação de conteúdos superficiais, optamos por pautas relevantes e práticas que realmente ajudam os tomadores de decisão a enfrentar os desafios atuais.”

A presença de grandes nomes como o tenista Gustavo Kuerten e a jornalista Ana Paula Padrão, somada ao cardápio de especialistas que compartilharam cases e experiências, criou um ambiente imersivo de aprendizado aplicável aos negócios.

Marcos Piangers: O Papel da Coragem e Propósito em um Mundo Tecnológico

O escritor e palestrante Marcos Piangers abriu a jornada com uma provocação fundamental sobre o papel humano em um mundo cada vez mais tecnológico. Segundo ele, vivemos uma era de oportunidades únicas, mas falta coragem para aproveitá-las verdadeiramente.

“A tecnologia é imparável”, afirmou Piangers. “Nunca vivemos um tempo em que o mundo pudesse ser consumido de forma tão democrática. Qualquer pessoa que saiba usar inteligência artificial pode construir coisas gigantescas.”

Para o palestrante, o avanço tecnológico não representa o maior desafio, mas sim a postura das pessoas diante dele. “Temos ferramentas que podem transformar empresas há anos, mas ninguém usa. As pessoas estão treinadas a fazer o mínimo.”

Piangers criticou como a rotina profissional tem roubado o entusiasmo das pessoas e como muitos se tornaram reféns da queixa e da inércia. “Nosso sonho, por milhares de anos, foi voar. E agora que podemos, reclamamos dos aviões. Nos tornamos robôs ressentidos e reclamões.”

O verdadeiro diferencial humano, segundo ele, não está na eficiência, mas naquilo que as máquinas não possuem: coragem, conexão e propósito. “Estamos treinados a ser robôs, mas os robôs são melhores do que nós nisso. Precisamos ser re-treinados para gostar de pessoas, para nos relacionar.”

Ele defendeu que apenas uma profissão nunca será substituída: “a que é feita apaixonadamente. É fácil perceber quando há um ser humano diante de você — e quando há apenas um humanoide.”

Luciano Condé e a Empatia Digital: Criando Conexões Humanas com Tecnologia

Luciano Condé, Diretor Sênior de Arquitetura da Oracle, apresentou o conceito revolucionário de empatia digital como resposta aos desafios da transformação tecnológica. “Se você está confuso sobre o que a IA fará e o que ela mudará, bem-vindo ao mundo”, iniciou sua apresentação.

A empatia digital, segundo Condé, representa “a compreensão humana mediada pela tecnologia. É compreender o outro com a tecnologia no meio.” O desafio atual não está apenas em construir sistemas capazes de recomendar produtos ou prever comportamentos, mas em desenvolver soluções que compreendam o contexto, a emoção e o momento das pessoas.

“Mais do que ter um sistema de recomendação frio, precisamos de um entendimento real do contexto. A empatia digital é isso: usar tecnologia para compreender, e não apenas responder”, explicou.

Condé citou estudos interessantes sobre como as pessoas reagem à comunicação mediada por inteligência artificial. Pesquisas mostram que as pessoas tendem a aceitar melhor más notícias vindas de IAs do que de humanos, por considerá-las mais imparciais. Entretanto, quando se trata de boas notícias, a reação é oposta — os humanos são preferidos.

Sua conclusão resumiu a essência do futuro tecnológico: “O futuro não é da IA que entende tudo — é da IA que entende a gente.”

Total Rewards: A Transformação dos Benefícios em Estratégia Organizacional

O painel sobre total rewards reuniu especialistas que demonstraram como os benefícios deixaram de ser apenas complementos e passaram a ocupar papel estratégico nas organizações. “O primeiro ponto é entender que benefícios não são custo, e sim parte da estratégia de negócios”, afirmou Gian Farinelli, CEO da OnHappy.

Glaucia Saffa, CMO da NAMU, complementou destacando que o mercado passou por ciclos de padronização excessiva. “O conceito de total rewards vem justamente para ajudar a montar e organizar esse quebra-cabeça. O ser humano é diverso, as pessoas têm interesses e objetivos diferentes.”

A personalização moderna exige ir além do superficial. “Não basta personalizar, é preciso hiperpersonalizar a jornada”, destacou Farinelli. “O mesmo colaborador muda seus desejos e objetivos ao longo do tempo. É preciso escutar constantemente.”

Fernanda Ferraz, diretora da Wiipo, destacou o impacto direto da valorização no engajamento: “Quando o empregador entende que a troca envolve cuidar, o colaborador responde com muito mais engajamento. O total rewards traz resultado, traz ROI.”

A comunicação eficaz emergiu como elemento crucial. Segundo os especialistas, as estratégias de marketing também se aplicam aos colaboradores internos. O RH precisa melhorar a comunicação e garantir uma jornada impecável — do onboarding à adesão e ao engajamento contínuo.

Junior Borneli: A Urgência da Transformação Cultural nas Empresas

Junior Borneli, fundador da StartSe, trouxe uma provocação contundente sobre a necessidade urgente de transformação cultural e mental nas organizações. Para ele, as empresas continuam operando da mesma forma há muito tempo, mas em um mundo já transformado.

“Precisamos ajustar a cultura dos nossos negócios para um mundo em que tudo muda cada vez mais rápido. O ciclo de transformação é mais curto. Temos que nos abrir para o novo”, afirmou.

Borneli comparou o momento atual a um pêndulo que oscila entre o curto e o longo prazo. “Temos que equilibrar crescimento com disrupção. Não é só entregar a meta do ano. Não existe futuro forte com presente fraco.”

A ambidestria — capacidade de equilibrar eficiência e inovação — representa, segundo ele, a técnica de gestão mais poderosa do nosso tempo. Essa habilidade precisa ser compreendida e aplicada dentro de organizações que visam maior competitividade.

O executivo também alertou sobre os riscos de apostar em apenas um caminho: “Há 30 anos, bastava comprar uma fábrica, abrir uma loja, adquirir um software e garantir estabilidade por 20 anos. Hoje, não sabemos o que vai acontecer em cinco.”

Uma de suas observações