O Brasil enfrenta uma transição demográfica que pode ser uma oportunidade vital para o crescimento econômico, mas também traz desafios, como a alta taxa de evasão escolar entre os jovens. Investir em inclusão produtiva através de programas de estágio e aprendiz é essencial para garantir um futuro mais justo e próspero. A transformação das dificuldades atuais em oportunidades depende da colaboração entre governo, setor privado e sociedade civil.
O Brasil está vivendo um momento histórico de transição demográfica que exigirá estratégias inteligentes para garantir o crescimento econômico e social nas próximas décadas. O país se encontra nos últimos anos do chamado bônus demográfico, período em que a população em idade produtiva supera a de dependentes, e o IBGE projeta que já na próxima década essa situação começará a se inverter com o envelhecimento acelerado da sociedade.
Esse contexto torna ainda mais urgente a necessidade de aproveitar o potencial da juventude atual como elemento fundamental para transformar o Brasil em uma potência econômica sustentável. A transição demográfica representa tanto um desafio quanto uma oportunidade única de investimento estratégico no capital humano jovem.
Apesar da importância deste momento demográfico, os dados revelam obstáculos significativos que impedem o pleno aproveitamento do potencial da juventude brasileira. O Relatório Juventudes Brasileiras mostra que apenas 21,6% das pessoas entre 18 e 24 anos estão no ensino superior, segundo dados do Inep. Esse percentual evidencia a necessidade urgente de ampliar não apenas o acesso, mas principalmente criar condições efetivas para a permanência e conclusão dos estudos.
A alta taxa de evasão escolar permanece como um dos principais entraves ao desenvolvimento educacional da juventude. Essa realidade demonstra que não basta apenas abrir portas para o ensino superior; é fundamental estabelecer mecanismos de apoio que garantam a continuidade da formação acadêmica e profissional dos jovens brasileiros.
Por outro lado, o país registrou avanços importantes na democratização do acesso ao ensino superior. A Lei de Cotas produziu resultados concretos na diversidade das universidades públicas, com o percentual de pessoas pretas, pardas e indígenas nas universidades federais saltando de 42% para 52% em uma década. Esse progresso representa um passo fundamental para a construção de uma sociedade mais equitativa e inclusiva.
O aumento da representatividade de grupos historicamente excluídos do ensino superior não apenas promove justiça social, mas também enriquece o ambiente acadêmico com diferentes perspectivas e experiências. Essa diversidade contribui diretamente para a formação de profissionais mais preparados para os desafios complexos do mercado de trabalho contemporâneo.
Contudo, a transição da educação para o mercado de trabalho ainda apresenta desafios consideráveis para a juventude brasileira. O desemprego entre pessoas de 18 a 24 anos supera significativamente a média nacional, criando um cenário de insegurança profissional que afeta diretamente as perspectivas de futuro dos jovens.
Dados da pesquisa Carreira dos Sonhos revelam que apenas 40% dos jovens confiam que conseguirão manter o emprego atual, enquanto 41% acreditam que conseguiriam uma nova colocação em caso de demissão. Esses números refletem a instabilidade e incerteza que caracterizam o início da vida profissional no Brasil, demandando ações coordenadas para melhorar as condições de inserção no mercado de trabalho.
Diante desse cenário, as empresas assumem um papel estratégico na transformação dessa realidade através de programas estruturados de inclusão produtiva. Os programas de jovem aprendiz, estágio e trainee representam ferramentas fundamentais para superar os obstáculos enfrentados pela juventude brasileira.
Essas iniciativas empresariais cumprem múltiplas funções essenciais: garantem fonte de renda que contribui para a permanência nos estudos, desenvolvem habilidades profissionais e pessoais necessárias para resolver problemas complexos do mundo do trabalho, e formam talentos qualificados para as próprias organizações. A combinação desses benefícios cria um ciclo virtuoso de desenvolvimento pessoal e profissional.
A inclusão produtiva da juventude deve ser compreendida como um investimento estratégico de alto retorno, tanto para a sociedade quanto para as organizações. Esta abordagem atende simultaneamente às necessidades do presente e às demandas futuras das empresas, preparando profissionais capacitados para inovar e contribuir com soluções criativas.
Além dos benefícios imediatos, o investimento em programas para jovens permite que as empresas construam um pipeline sólido de talentos, garantindo continuidade e renovação de suas equipes. Essa estratégia de longo prazo fortalece a competitividade organizacional e contribui para o desenvolvimento econômico nacional.
O futuro do Brasil depende fundamentalmente das decisões e investimentos que fazemos hoje em nossa juventude. A responsabilidade de potencializar carreiras e fortalecer empresas através da inclusão produtiva é coletiva, envolvendo governo, setor privado e sociedade civil em um esforço coordenado.
A construção de um país mais justo, inclusivo e promissor para todas as pessoas passa necessariamente pelo aproveitamento do bônus demográfico através do desenvolvimento integral da juventude. Este é o momento decisivo para transformar desafios em oportunidades e garantir que o Brasil do futuro seja uma realidade próspera e equitativa.
Referências
https://mundorh.com.br/o-brasil-do-futuro-depende-da-nossa-juventude/